Diferentemente do que se vem mostrando nas relações entre governadores e seus vices no Ceará, nas administrações de Fortaleza parece pairar uma espécie de “maldição” em torno da figura do vice-prefeito. Na última gestão do ex-prefeito de Juraci Magalhães (PMDB), que antecedeu Luizianne Lins (PT), a confusão foi com a vice-prefeita Isabel Lopes. Após se desentender com o prefeito, Isabel filiou-se ao PT, que, à época, fazia oposição à gestão de Juraci. Isabel também estava sendo subutilizada pela gestão.
Já na gestão passada, a ex-prefeita Luizianne Lins também teve problemas com o então vice-prefeito, Carlos Veneranda (PDT). Após romper com a prefeita, ainda no início da gestão, ele foi deixado de lado, não podendo participar diretamente do governo da petista. Na gestão posterior, Luizianne também iniciou a administração rompida com Tin Gomes (PHS), atual deputado estadual e candidato à reeleição.
OPINIÃO
O cientista político e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Uribam Xavier, pondera que não existe maldição no cargo de vice-prefeito, contudo adverte que o cenário só está assim por culpa dos próprios partidos e candidatos, “que não têm projeto político para a cidade”, o que, segundo ele, reflete no “descompromisso com a máquina pública”.
Para Uriban, na realidade, o modelo não representa a população, mas o projeto pessoal e, por isso, ocasiona rompimentos pós-eleição. Ele lembra que, muitas vezes, por conta do tempo de televisão, alianças esdrúxulas são realizadas e isso é bem sintomático. Em contrapartida, o modelo não é mais aceito pela população, que, ano passado, ocupou as ruas do País. E, realmente, como diziam alguns manifestantes, as insatisfações tudo têm a ver com a inversão de prioridade por parte do Poder Público.