Os candidatos Ailton Lopes (PSOL) e Eliane Novais (PSB) participaram, ontem, de um debate promovido pelo Fórum Unificado das Associações e Sindicatos de Servidores Públicos Estaduais do Ceará, o FUASPEC. Porém, a ausência dos demais concorrentes na disputa do Governo do Estado, Camilo Santana (PT) e Eunício Oliveira (PMDB), fez com que a maior parte do tempo destinado ao diálogo fosse aproveitado para a apresentação de críticas aos faltantes. Camilo e Eunício não compareceram ao debate, mas cumpriram agenda na Capital com atividades de campanha. À tarde, o peemedebista percorreu os bairros Granja Portugal, Bom Jardim e Conjunto Ceará. O petista dedicou maior parte do dia para gravar os programas destinados ao horário eleitoral gratuito. À noite, participou de carreata no bairro Barroso. No debate, o representante do PSOL lembrou que nenhum dos dois também compareceu ao debate realizado na Universidade Estadual do Ceará e acusou Camilo Santana e Eunício Oliveira terem compromisso apenas com quem financia as campanhas deles. "Da mesma forma que não compareceram aqui não compareceram na Universidade Estadual do Ceara para assinar um compromisso com as universidades públicas. Mas comparecem para o agronegócios, para os grandes empresários, porque são esses que financiam suas campanhas", frisou. Eliane Novais afirmou aos servidores estaduais presentes no debate que a ausência de Camilo Santana e Eunício Oliveira também indicou a proposta de cada candidato ao Governo do Estado junto às categorias. Autoritária "Queria lamentar profundamente a ausência de dois candidatos. Eu não sei como os dois candidatos que estão polarizando esse processo eleitoral não vêm conversar com os sindicatos, com as entidades representativas e com os servidores públicos. Isso é uma negação do serviço público e eles mesmos estão dizendo que vão continuar com a política autoritária que hoje acontece no Governo do Estado do Ceará", ressaltou Novais. A pessebista ainda criticou o discurso de Camilo Santana e Eunício Oliveira ao afirmar que as promessas feitas por ambos junto ao serviço público são apenas ações de marketing eleitoral e não condizem com a realidade. "Não vieram aqui selar nenhum compromisso e nem ouvir os servidores públicos. Daí ficam falando no discurso que querem um serviço público de qualidade. Isso é só um plano de marketing. Isso vai terminar na gaveta. Não vão executar", avaliou. Durante o debate, Ailton Lopes teceu críticas a Eliane Novais. No momento da pergunta entre os candidatos, o representante do PSOL questionou a posição da postulante do PSB sobre a desmilitarização das polícias. Depois dela declarar ser a favor, o candidato ironizou ao destacar que, no dia anterior, ela apresentou uma postura contrária. Surpresa "Eliane me pegou de surpresa com a resposta, porque ontem na FA7 (Faculdade 7 de Setembro) disse que era contra. Hoje diz que é a favor. Será o efeito Marina? Como assim? Quero saber se no próximo debate vai mudar de novo", pontuou Ailton Lopes ao completar que a Comissão de Direitos Humanos da ONU já avaliou que o atual modelo brasileiro precisa ser revisto. Em resposta, Eliane Novais alegou que, apesar de ser a favor, é necessário aprofundar a discussão sobre o tema. "As polícias são muito repressivas. Então, nós somos a favor de uma polícia comunitária, de uma polícia mais preventiva do que uma polícia repressiva. O modelo que está é completamente ultrapassado. Então, desmilitarização é um processo em construção. Eu sou a favor da desmilitarização, mas nós precisamos aprofundar esse debate", explicou. Os candidatos ouviram questionamentos específicos feitos pelos sindicatos presentes no debates, mas Ailton Lopes, ao responder uma das perguntas, esclareceu que não poderia assumir compromisso com uma determinada categoria, mas sim com a valorização do serviço público estadual como um todo. Ao fim do debate, Ailton Lopes e Eliane Novais receberam uma carta assinada por 37 entidades representativas com as principais reivindicações das diferentes categorias dos servidores do Estado.