Mauro Filho conta com uma "carta na manga" para esta campanha: gravações de Lula e Dilma
FOTO: TATIANA FORTES
O ex-secretário estadual da Fazenda e candidato ao Senado Mauro Filho (Pros) parece contar com uma “carta na manga” para a disputa contra seu principal adversário, Tasso Jereissati (PSDB). Segundo Mauro, só na reta final da campanha deverão ser usadas gravações da presidente da República, Dilma Rousseff (PT), e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em sua propaganda. “A partir do dia 19”, disse Mauro, que desconversou ao ser perguntado se as imagens com a dupla petista já foram gravadas.
“É natural que você primeiro se apresente, diga quem é. Em um segundo momento, você começa a mostrar seus apoios”, disse Mauro em entrevista, na noite de ontem, antes de palestra no Centro Industrial do Ceará (CIC). De acordo com pesquisa O POVO/Datafolha, Dilma é preferida por 57% dos cearenses, seguida por Marina Silva (PSB), que tem 24% no estado, e Aécio Neves (PSDB), favorito de 4%.
Sem citar Tasso nominalmente, Mauro Filho insinuou, por mais de uma vez, que o tucano está “escondendo” o nome de Aécio na campanha. “Aqui ninguém esconde qual é o nosso candidato à presidência”, gritou o ex-titular da Fazenda no auditório do CIC.
Mauro, que tem 20% das intenções de voto contra 54% de Tasso, demonstrou confiança e disse que irá virar os números a partir do crescimento do candidato a governador Camilo Santana (PT) – que subiu 12 pontos percentuais após o início da propaganda eleitoral, segundo o Datafolha. “Camilo decola primeiro e, depois, o senador ascende. Em 35 anos, não conheço candidato a senador que estivesse ao lado do governador e não tenha sido eleito”, argumentou ele, que tem apoio do governador Cid Gomes (Pros).
Aliado, mas...
Ao longo do evento no CIC, Mauro enalteceu programas federais como o Minha Casa, Minha Vida e o Bolsa Família, mas fez várias críticas às políticas de desenvolvimento regional do Governo Federal e à concentração da receita tributária nas mãos da União. Segundo ele, os atuais mecanismos de indução do crescimento do Nordeste – que hoje participa com apenas 13% do PIB brasileiro – estão “defasados”. “Pouco tem sido feito para reduzir as disparidades”, opinou.
Apesar de o ministro da Integração Nacional, Francisco Teixeira, ser cearense e ter sido indicado com aval de Cid, as críticas de Mauro se voltaram para questões fiscais e econômicas. Perguntado, em entrevista, se é a favor de mudanças na equipe econômica de Dilma em caso de um segundo mandato – decisão que a própria petista já tem sinalizado – Mauro defendeu que “isso independe de nome. É uma questão de política de desenvolvimento”.
Saiba mais
1. PAI PRESENTE
O pai de Mauro Filho, deputado federal Mauro Benevides (PMDB), participou do evento no CIC. O candidato a senador se disse surpreso com a presença do pai e, ao citá-lo, engasgou a voz. “Desculpem a emoção”, disse Mauro Filho, em seguida.
2. APLAUSOS
Assim como ocorreu com outros candidatos no CIC, Mauro foi aplaudido pela plateia de representantes do setor produtivo. A primeira salva de palmas surgiu quando ele defendeu mais incentivos fiscais para o Ceará, à revelia da resistência de estados como SP e MG.
3. ROUQUIDÃO
Durante o discurso, Mauro Filho pigarreou e precisou beber água para refrescar a garganta. Segundo ele, o ritmo da campanha tem exigido muito da voz. O candidato afirmou que já esteve em 100 dos 184 municípios cearenses.
4. PETROBRAS
Questionado se as denúncias de corrupção na Petrobras podem manchar a imagem de Dilma e, consequentemente, atrapalhar sua campanha, Mauro afirmou que “pelo contrário”. Ele endossou o discurso da petista de que o próprio Governo tem estimulado as investigações.