Integrantes dos comitês dos dois candidatos ao Governo do Estado: Camilo Santana (PT) e Eunício Oliveira (PMDB) ficaram satisfeitos com o resultado da pesquisa do Ibope, publicada na edição de ontem do Diário do Nordeste, em que o líder Eunício praticamente permaneceu como estava anteriormente, e Camilo Santana ganhou 20 pontos.
Além de indagar os eleitores sobre em quem votavam para governador do Estado, senador e presidente da República, o Ibope também procurou saber qual o interesse dos eleitores sobre as eleições que ocorrerão no dia 5 de outubro próximo e, ainda sobre a preferência partidária dos eleitores cearenses.
Em relação ao primeiro tema os entrevistadores fizeram a seguinte pergunta: “Em outubro deste ano, teremos eleições para Presidente, Governador, Senador e Deputados. Gostaria de saber qual o seu interesse pelas eleições que ocorrerão em outubro. O (A) sr(a) diria que tem” muito interesse, 22%; interesse médio, 30%; pouco interesse, 26%, nenhum interesse, 21%, não sabe /nem respondeu, 1%.
Quanto ao segundo tema, por qual partido político o eleitor tem preferência ou simpatia, o detalhe é que quase metade dos cearenses não tem preferência por qualquer agremiação. Dos partidos citados o PT é o que mais se destaca com 30% das citações, seguido do PMDB com 6% e do PSDB com 5%. Um total de 46% disseram não ter preferência por nenhuma das atuais agremiações.
A pesquisa, a primeira após o início da propaganda eleitoral no rádio e televisão, foi contratada pela Televisão Verdes Mares. Entre os dias 31 de agosto e 2 de setembro foram entrevistados 1.214 eleitores cearenses. Segundo o Ibope, a margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos para todos os dados alcançados.
Repercussão
Deparados com o cenário apresentado ontem pela pesquisa de intenção de voto, realizada após as primeiras duas semanas do horário eleitoral gratuito, os candidatos ao Governo do Estado que lideram a disputa demonstraram otimismo com os resultados, enquanto os postulantes com menor índice de votação afirmaram ter “estranhado” os números divulgados.
Mesmo com queda de dois pontos percentuais em relação à penúltima pesquisa do Ibope, publicada em 22 de julho, o candidato Eunício Oliveira (PMDB) continua a liderar o ranking com 42% das intenções de voto dos cearenses. De acordo com o vice-prefeito Gaudêncio Lucena (PMDB), que é coordenador da campanha de Eunício, o crescimento do adversário (Camilo Santana) apoiado pelo Governo já era esperado. “O patamar dele é até 35%, tem até um pouquinho para subir ainda”, avaliou Gaudêncio.
Segundo o vice-prefeito, a pesquisa demonstra um cenário confortável para Eunício por ele não ter caído, e sim oscilado na margem de erro. “Quem não tem uma convivência na política pode achar que esse crescimento (do adversário) foi algo anormal, mas ele cresceu dentro da faixa e não tirou voto do nosso candidato”, apontou.
Trabalhando com a possibilidade de vencer a eleição ainda no primeiro turno, Gaudêncio admite ser possível a realização de um segundo turno, mas diz ser “improvável”. “Mesmo assim, Eunício ainda vence em todas as projeções de segundo turno”, destaca. A reportagem tentou entrar em contato diretamente com o candidato mas, em campanha no Interior do Estado, ficou mais difícil o contato.
Momento
Em segundo lugar, Camilo Santana (PT) passou de 14% para 34%, crescendo 20 pontos no mesmo período e se aproximando do adversário peemedebista. Conforme o candidato afirmou ao Diário do Nordeste</CF>, o crescimento das intenções de voto é reflexo do maior conhecimento do eleitor a respeito de sua história. “À medida que a população conhece o candidato, ele fica mais forte”, apontou.
O petista ponderou, entretanto, que a pesquisa retrata apenas o momento e que irá continuar a fazer campanha da mesma maneira. Sobre o índice de rejeição, que caiu de 24% para 20% do eleitorado, o candidato apontou que o índice ainda mostra desconhecimento de parte do eleitorado. “Como pode ter rejeição alta quando um candidato ainda é desconhecido?”, questionou.
Já a candidata Eliane Novais (PSB), que caiu dois pontos em relação à pesquisa anterior do Ibope, disse ter “estranhado bastante” os resultados. “Eu estou achando super estranho porque o clamor de mudança é muito elevado, jamais a gente poderia cair na pesquisa. Quem é Ailton (Lopes - PSOL) jamais será Camilo, jamais será Eunício”, afirmou a parlamentar, em referência à queda nas intenções de voto do adversário socialista.
Para Eliane, as pesquisas não estão demonstrando a realidade e, segundo avaliações internas, ela está “beirando o segundo turno”. Ela ainda lembrou que, nas eleições municipais de 2012, o então candidato a prefeito Heitor Férrer (PDT) foi prejudicado pelas pesquisas, que mostravam números menores do que foi contabilizado no dia das eleições. “O sentimento das ruas é de mudança”, apontou.
Com a visita da presidenciável Marina Silva (PSB) à Capital na próxima sexta-feira (12), Eliane afirma esperar que a candidata venha a consolidar “não só o que está posto, mas também a esperança de mudanças”. Segundo a pessebista, a militância segue animada e a campanha continuará no mesmo ritmo, com o porta a porta para captar votos em todos os bairros de Fortaleza e também em todo o Estado.
Adesões
Assim como Eliane, Ailton Lopes também questionou os resultados demonstrados pela pesquisa. De acordo com o candidato, ele só tem recebido mais adesões desde o início da campanha, tornando impossível o cenário de queda de 1% dos votos, caindo de 3% para 2%. “Não tem nada a ver com a realidade”, protestou, embora a diferença esteja dentro da margem de erro considerada em todas as pesquisas.
Na visão do candidato, as pesquisas deveriam ser proibidas de ser divulgadas, uma vez que induzem o público a escolher candidatos que estão à frente. Ele destacou que o alto número de pessoas indecisas, 58% na modalidade espontânea (quando os eleitores são questionados sem mostrar a lista de candidatos), podem se influenciar a partir dos resultados das pesquisas e não pelas propostas dos postulantes.
Ele ainda afirmou ser inacreditável que sua candidatura e a da adversária Eliane sejam as mais rejeitadas, por 34% e 35% do eleitorado, respectivamente, uma vez que “representam a alternativa”. Ailton também criticou o processo eleitoral como um todo, afirmando ser desigual e sofrer interferência do dinheiro, da imprensa e dos institutos de pesquisa. Sobre a campanha, ele afirma que seguirá o mesmo ritmo de diálogo através das rodas de conversa.