Deputada Rachel Marques comenta matéria publicada no Diário do Nordeste sobre as famílias que participam da política cearense
FOTO: ÉRIKA FONSECA
A líder do PT na Assembleia Legislativa, deputada Rachel Marques, subiu à tribuna da Assembleia para defender a maior participação das mulheres na política brasileira e destacou que nem sempre as mulheres estão na vida pública por indicação de um parente, seja marido, pai ou outro qualquer da família.
Neste ano, o número de mulheres nas listas para a disputa por um cargo proporcional (deputado estadual ou deputado federal), incluindo aquelas que fazem parte na relação de só para constar, ainda é menor que o exigido pela legislação eleitoral de 30% dos postulantes.
A deputada Rachel falava sobre matéria do Diário do Nordeste, que tratava sobre as indicações políticas de familiares no Ceará, e disse que a publicação chamou a sua atenção, visto que mostra que muitos políticos cearenses têm filhos ou pais que são políticos ou candidatos. A parlamentar informou que isso também acontece em famílias que têm a tradição na medicina ou no magistério, ressaltando ser natural por conta do convívio desde cedo entre pais e outros familiares.
"Eu vivo 24 horas, sete dias por semana, na política e a família participa de tudo isso, e de uma forma ou de outra, isso influencia para que essas pessoas queiram continuar essa atividade do pai ou da sua mãe", apontou. Ela colocou ainda um aspecto que destacou como interessante, no caso da constatação da matéria em relação às mulheres.
Identidade
Marques disse ter ficado preocupada, pois quando se coloca que a maioria dessas mulheres foi eleita graças à indicação política dos maridos, muitas vezes, em sua opinião, se diz que a mulher está na política apenas por indicação do marido. "Eu quero dizer que no meu caso não foi assim. Eu não estou na política graças à indicação do meu esposo, Ilário Marques. O fato de eu estar na política não foi indicação do meu companheiro".
A parlamentar lembrou que era filiada ao Partido dos Trabalhadores quando conheceu Ilário, e já tinha uma indicação de filiação partidária, além de ter militância nos movimentos da Igreja e pastoral universitária. "Foi nesse movimento que eu o encontrei. Isso deve ter ocorrido com outras mulheres. Nós tivemos essa identidade por acreditar que nós deveríamos transformar o mundo, a partir da política", apontou.
Segundo a petista, muitas vezes marido e mulher estão na vida pública por acharem que podem cumprir "um papel importante", o que faz com que os dois estejam juntos. "Nós tivemos um compromisso conjugal de dedicar nossa vida de casados, servindo ao povo. Com todo o respeito que tenho à liderança do companheiro Ilário, a minha opção por disputar mandato não é em decorrência de uma indicação sua", disse.
"Eu também, pessoalmente, admiro muito as mulheres que estão disputando mandatos, e que se dispõem a estarem em uma eleição. É bem mais difícil a candidatura feminina, e nós que temos plataformas femininas discutimos isso", disse. A deputada afirmou ainda valorizar o grupo de mulheres por conta desse seu ponto de vista. "É importante que as mulheres estejam participando dos parlamentos, porque mesmo o nosso Parlamento estadual tendo crescido em relação ao número de mulheres, essa não é a realidade do eleitorado".
Conforme lembrou, a política sempre está ligada à figura masculina, e cabe à mulher o cuidado dos filhos, dos idosos, o que acaba influenciando em sua pouca participação nos movimentos políticos. "Isso tudo torna impeditivo para muitas mulheres que estão no mercado de trabalho, ocupando os espaços das universidades. Eu acho importante a participação das mulheres na política que precisam ser tratadas, mas além disso, algo que é fundamental é a representatividade que se propõe a democracia, e nós somos 50% da sociedade", apontou.
Obrigatório
Como já era esperado, a maioria dos candidatos que vai disputar uma vaga nas eleições deste ano no Estado do Ceará é do sexo masculino. As mulheres representam apenas 28,6% do total de registros de candidatura protocolados para cargos proporcionais no Ceará, conforme levantamento feito pelo Diário do Nordeste com informações do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) e do sistema de divulgação de candidaturas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
No total, 768 pedidos de registro aos cargos de deputado estadual e federal protocolados até ontem (9), apenas 226 são de candidaturas de mulheres. As candidaturas masculinas alcançam 71,4% do total. Para atingir o mínimo de 30% de candidaturas do sexo feminino, conforme determina a legislação eleitoral, seria necessário acrescentar mais sete candidaturas femininas ou retirar 15 postulantes masculinos.
A razão para o baixo número de candidatas femininas é que vários partidos e coligações, ao relacionarem os seus postulantes, não alcançaram a porcentagem mínima de participação feminina. Segundo Orleanes Cavalcanti, secretária judiciária do TRE-CE, o Tribunal só fará a avaliação da proporção de candidaturas femininas dos partidos quando forem contabilizadas as candidaturas individuais, o que deve acontecer até hoje.
Ela afirma que, constatado o desrespeito ao número mínimo de candidaturas do sexo feminino, os partidos serão intimados e terão até 6 de agosto para apresentar as vagas remanescentes.