Uma “porta” sinistra
Em pleno período pré-eleitoral, quando mais deveriam existir motivos para se exalçarem os pontos positivos dos partidos políticos, a sua utilidade para garantir o fortalecimento da justiça social e da democracia, sinistros negros sinais em contrário pairam sobre a sociedade brasileira. Políticos sérios como o deputado Welington Landim (Pros) exprobam a descaracterização da maioria dos partidos, por conta da priorização de jogos de interesses e outras manchas negativas. Mas a gravidade em relação ao assunto é bem maior. Além dos conchavos, escambos de benefícios, apoios bem remunerados e outras, os partidos podem também vir a ser campo a ser minado pela criminalidade. Ontem, o ministro do STF Gilmar Mendes, vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral, alertava o País sobre uma ameaça, a seu ver, mais do que palpável. Trata-se da possível infiltração do crime organizado nas estruturas partidárias, aproveitando-se da proximidade de apenas quatro meses das eleições. Esse alerta é para políticos, partidos, eleitores e, principalmente autoridades. Segundo o ministro Gilmar, a proibição das doações de empresas a partidos e candidatos, embora moralizadora, é “faca de dois gumes”, pois pode abrir as portas à entrada de organizações mantidas com dinheiro sujo, tipo Primeiro Comando da Capital – PCC. Embora sem citar nomes, Mendes faz questão de destacar “acontecimentos recentes, dos quais o País tomou conhecimento”. Seria o caso do deputado Luiz Moura, do PT, flagrado em reunião de cooperativa do setor de transporte coletivo, onde se encontravam elementos do PCC. Se os partidos sérios não se cuidarem, há risco de essa sinistra advertência se concretizar.
• Decepção - Para o deputado Welington Landim (Pros), é decepcionante para políticos éticos saber que, no Brasil, a maioria dos partidos se apoia em jogos de interesses e em acordos.