Em seu pronunciamento na tribuna da Assembleia Legislativa, ontem, o deputado Fernando Hugo (SDD) criticou a situação pela qual devem passar as pessoas que se inscreveram como voluntárias para a Copa do Mundo de Futebol. Segundo ele, cerca de 160 mil voluntários irão ao evento esportivo e poderão ser explorados por empresas que não estão respeitando a legislação que dispõe sobre o serviço voluntário no Brasil.
Conforme informou, chegou ao seu conhecimento o caso de uma voluntária, de nome Vanda Lúcia Sales, que foi selecionada para prestar serviços durante o campeonato no setor de alimentos na Arena Castelão. No entanto, ao receber o crachá para o treinamento, a mulher disse que em sua credencial era de funcionária da empresa Aramark, conhecida mundialmente por prestação de serviços em eventos internacionais.
A empresa e a Convivas Brasil, conforme disse o parlamentar, foram nomeadas as concessionárias de alimentos e bebidas durante a Copa, ressaltando ele que a Aramark é conhecida por "burlar" as leis trabalhistas nos países onde ela se instala. "Isto é uma vergonha, pois fere os brios de qualquer legislação vigente no Brasil, porque se uma pessoa se credenciou para ser voluntária e recebe a credencial de uma empresa multinacional. Alguém receberá o dinheiro por essa pessoa", destacou o deputado.
Contratados
O parlamentar disse que o Ministério Público do Trabalho do Rio de Janeiro, entrou com ação civil pública para que todos os selecionados a trabalharem como voluntários sejam contratados com carteira de trabalho assinada. A procuradora do trabalho daquele Estado, Carina Rodrigues Bicalho, disse que a Fifa pretende atingir lucros "astronômicos" com o evento, o que afastaria a possibilidade de se usar trabalho voluntário, como previsto em legislação que regula este tipo de serviço no País. "O voluntariado tem legislação própria, e isto que está sendo feito no Brasil fere a legislação. Essa modalidade de trabalho somente é lícita se o tomador de serviço for entidade pública" disse.