Depois de muita especulação e de cenários colocados à prova em análises de bastidores, a semana em curso será crucial para as articulações da sucessão estadual de 2014. Isso porque, políticos, tanto da atual base governista, quanto da oposição, aguardam o anúncio do governador Cid Gomes (Pros) sobre sua possível renúncia ao cargo para permitir a possível candidatura de Ciro Gomes (Pros) ao Senado. Até o dia 5 de abril, data final estabelecida pela Lei Eleitoral para Cid se desincompatibilizar do cargo, cada passo será acompanhado com atenção e ansiedade.
O final de semana, aqui em Fortaleza, foi de intensas articulações dos partidos políticos, o que inclui reuniões, conversas reservadas e encontros partidários. Os diálogos tiveram início na sexta-feira, quando o senador Eunício Oliveira (PMDB) e o governador Cid Gomes estiveram frente a frente no Palácio da Abolição. Os dois apresentaram suas pretensões, mas o encontro, que durou 2h40, terminou sem qualquer definição.
No dia seguinte, foi à vez do PT reunir suas lideranças. Na ocasião, a legenda decidiu pela indicação do nome do deputado federal José Guimarães para disputa ao Senado. Entretanto, o posicionamento pode ser alterado conforme resolução da sigla.
ALIANÇA
Embora com o curto prazo para ser encontrada uma equação positiva para todas as legendas, o vereador Acrísio Sena (PT) acredita que, após o dia 5 de abril, o debate comece a ser construído, haja vista que as definições começam a ficar mais claras e os pretensos candidatos deixam suas funções para participar do pleito. Contudo, os aliados têm até o dia 30 de junho, data final das homologações das candidaturas, para sentar e buscar uma saída unificada.
Em princípio, segundo defendeu, é legítimo que os partidos pleiteiem posições, o que não significa dizer que as pretensões sejam definitivas. “Embora a decisão tenha estreitado as margens de negociação, estamos buscando construir uma unificação da base da [presidente] Dilma Rousseff”, disse Acrísio, se referindo ao encontro de tática do partido que defendeu a indicação de Guimarães ao Senado. Para ele, a partir de agora, as negociações requerem um pouco de paciência entre os envolvidos e, só após esta fase, a definição sobre os nomes dos candidatos vai de fato acontecer.
O certo, até o momento, é que os próximos passos de Cid vão influenciar diretamente na formação do cenário político da eleição para o governo do Estado em 2014. Parte do PT é a favor de uma aliança com o governador, desde que José Guimarães fique com o Senado. Outra ala do partido defende uma candidatura própria para a sucessão de Cid. O PMDB luta para que a candidatura do senador Eunício Oliveira tenha as bênçãos de Cid. Até agora, contudo, o governador faz sigilo sobre o desfecho final, jogando para os próximos dias a posição sobre os fatos.
EXPECTATIVAS
Cientistas políticos avaliam que a manifestação iniciada por Cid Gomes, na última semana, será concretizada até a sexta-feira (04). O professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Josênio Parente, ressalta que os partidos precisaram fortalecer e reavaliar suas estratégias, caso desejem ser protagonistas neste pleito. No caso do PT, segundo destacou, é preciso definir qual será seu papel, caso deseje acompanhar o governador Cid Gomes.
Pela análise, a desincompatibilização de Cid Gomes é uma tentativa de não só manter-se fortalecido, mas também de prestigiar seus seguidores. A indicação de Ciro Gomes, portanto, fortaleceria seu nome para projetos futuros do Pros, assim como manteria o partido fortalecido no Estado. Josênio acredita na candidatura própria do senador Eunício Oliveira (PMDB), mesmo sem o apoio de Cid. Mas diz que, claro, tudo pode mudar “aos 45 minutos do segundo tempo”.
Para ele, há dois períodos vitais para uma eleição. O primeiro é até o mês de abril do ano eleitoral e o segundo é no período de abril a junho até quando acontecem as convenções e homologações das candidaturas junto à Justiça Eleitoral.
MAIS
No próximo sábado (5), acaba o prazo estabelecido pela Justiça Eleitoral para que os ocupantes de cargos públicos que queiram disputar as eleições deixem as funções para participar do pleito. A proximidade do fim do prazo acelerará as articulações de partidos políticos e pretensos candidatos.
ESPECULAÇÃO
Nos bastidores, comenta-se que, em caso de renúncia de Cid, o vice-governador, Domingos Filho (Pros), não assumirá o cargo. Isso porque Cid teria outros planos para Domingos. No caso, disputar uma vaga na Assembleia Legislativa. O aliado, porém, estaria resistindo a ideia. José Albuquerque, presidente da Assembleia, também pretende disputar a eleição e, de acordo com as especulações do dia, o presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Gerardo Brígido, assumiria a vaga de Cid. Sem definições ou declarações públicas, as especulações continuam.