Caminhando para o final do segundo mandato na prefeitura de Fortaleza (PT) e no governo do Ceará (PSB), a prefeita e o governador nunca se sentaram para planejar ações conjuntas com a finalidade de melhorar e racionalizar o uso dos recursos públicos, o acesso da população aos serviços básicos, ou para programar mecanismos de participação e controle dos cidadãos sobre as ações e gastos dos recursos públicos. O que podemos acompanhar pela imprensa local foi a prefeita criticando a Cagece por promover a proliferação de buracos em avenidas recém-pavimentadas; o governador criticando a prefeita por se colocar contra a instalação do estaleiro na comunidade do Titazinho; o envolvimento de petista e do Governo Estadual no escândalo dos banheiros; o senador Pimentel (PT) declarando, com estatísticas, que o Governo do Ceará perde recursos federais por falta de projetos e Cid Gomes (PSB), rebatendo Pimentel, dizendo que ele criou um clima de guerra. E, o mais grave, o PT passou a fazer chantagem com o governador ao espalhar publicamente que se o PSB não apoiar o candidato indicado por Luizianne Lins vai sofrer uma oposição cerrada na Assembleia Legislativa. Afinal, que tipo de aliança existe entre PT e PSB?
Na realidade, nunca existiu aliança para construção do bem público. O que existiu foi uma relação de compadrio em função da continuidade no poder de Luizianne e Cid Gomes. Agora, na relação do compadre com a comadre, falta algo de concreto para manter a continuidade, falta um menino, que una os interesses dos dois, para ser batizado. Esse menino, além de não ser um poste sem luz, deve dar crédito aos interesses individuais de Luizianne e Cid em relação ao futuro próximo.
Nesse cenário, somente a falta de ética manterá a frágil relação de compadrio entre PT e PSB. Se isso acontecer, cabe ao eleitor dizer não ao amancebamento desprovido de qualquer noção de boa sociedade. Pois o que estamos constatando, com Luizianne Lins e Cid Gomes no poder, é a realização de uma gestão onde as pessoas são reduzidas a simples espectadores, sejam protestando ou dando o seu apoio, não têm poder para modificar a realidade de uma gestão instrumental, que controla recursos públicos para satisfazer os desejos pessoais de seus gestores, e manter a dinâmica do fluxo do capital num estreito pragmatismo sem criatividade. Uribam XavierProfessor do Departamento de Ciências Sociais da UFC