“Existe um clima de expectativa em torno da sucessão estadual. Esta história começa a ser questionada, até mesmo, pela opinião pública. Porém, tudo terá uma definição do próximo dia 5 de abril”. A declaração do deputado Ely Aguiar (PSDC) diz respeito à recente declaração do governador Cid Gomes (Pros) sobre a possibilidade de renunciar ao cargo para permitir que o irmão, Ciro Gomes, secretário de Saúde do Ceará, possa se candidatar ao Senado nas eleições deste ano.
A possível renúncia, em apoio à candidatura de Ciro Gomes, foi anunciada pelo próprio governador Cid Gomes, na última segunda-feira, dia 24, antes da primeira reunião do ano com o secretariado, para avaliar ações do Monitoramento de Ações de Projetos Prioritários (MAPP). O governador prometeu discutir o assunto com aliados e tem até o dia 5 de abril para decidir se deixa, ou não, o cargo. Este é o prazo, segundo o calendário estabelecido pelo Tribunal Superior Eleitoral para a desincompatibilização dos gestores que pretendem concorrer às eleições de outubro.
DEBATE
Segundo Ely Aguiar, Cid irá permanecer no cargo e vai indicar seu sucessor para disputar o Palácio da Abolição, uma vez que Ciro Gomes mostra resistência em disputar vaga no Legislativo. Para o parlamentar, a atitude de Cid não faz parte de uma projeto pessoal, como defendem membros da oposição. O deputado citou a entrevista do ex-prefeito de Maracanaú, Roberto Pessoa (PR), ao jornal o Estado, para afirmar que o adversário de Cid “extrapolou” em suas críticas aos Ferreira Gomes. O parlamentar disse ainda que, na atual gestão, o Estado “ganhou muito” apesar de ter “fracassado na questão da Segurança Pública”.
O deputado Dedé Teixeira (PT) informou que o Partido dos Trabalhadores, diante das últimas declarações de Cid, realizará no próximo sábado, dia 29, um encontro para definir sua estratégia para as eleições deste ano. O deputado enfatizou que uma resolução será apresentada para destacar, entre outros pontos, o fortalecimento do palanque para reeleição da presidente Dilma Rousseff, a manutenção da aliança do Pros, além de reivindicar a vaga ao Senado dentro da chapa majoritária da aliança. O petista considerou “natural” as especulações no cenário político do Estado. “É natural que as lideranças políticas estejam se constituindo para, de forma atuante, participar do processo eleitoral”, disse.
Para Rachel Marques (PT), o partido tem um papel protagonista nesta discussão e, por isso, todos os aspectos serão debatidos com os aliados, sobretudo, com o governador, que tem o entendimento de manter o atual arco de aliança. “Qualquer deliberação será fruto de uma decisão democrática e conversada com os aliados”, opinou, acrescentando que, até o momento, o partido trabalha para indicar a vaga ao Senado e não outro cargo na chapa majoritária.
CRISE
Já o deputado João Jaime (DEM) afirmou que Cid vai se manter no Governo, independente das alterações no cenário. O parlamentar disse que, caso o governador renuncie, deixará o Estado em uma “grande crise”, citando as problemáticas da seca e da Segurança Pública. “Acho que ele [Cid Gomes] não deve renunciar em favor de questões políticas”, disse.