O vice-prefeito e secretário de Infraestrutura de Maracanaú, Carlos Eduardo Bandeira de Mello (PR), se entregou à polícia neste final de semana depois de quatro dias foragido. Ele é acusado de comandar um esquema que realizava o revezamento de empresa que se beneficiava de licitações em Maracanaú desde 2007. Os prejuízos podem chegar até R$ 45 milhões. Carlos está preso na Delegacia de Capturas e deve prestar depoimento hoje.
Ao todo, dez pessoas foram presas na operação deflagrada pelo Ministério Público na última terça-feira. Entre os envolvidos, a maioria é integrante da Comissão Central de Licitação da Prefeitura e sócios das empresas. De acordo com as investigações, o grupo manipulava os processos licitatórios da Prefeitura. Quando uma empresa deixava de ganhar um certame, outra automaticamente assumia a responsabilidade. Ainda de acordo com o MP, algumas das empresas envolvidas foram criadas justamente para disputar licitações.
A operação foi originada por meio de dois procedimentos de investigação criminal instaurados para apurar cometimento de crimes de fraude em licitação, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha contra a Administração Pública do Município de Maracanaú.
De acordo com os promotores de Justiça, os ilícitos envolvem as empresas Cacique Construções e Serviços Ambientais Ltda., Alves Oliveira Construções Ltda., R. Schuch Construções Ltda. e J. Filho Construções Ltda., que atuaram de forma “intencional”, no sentido de se beneficiar com recursos públicos de Maracanaú. Segundo o MP, o grupo tentava manipular processos licitatórios da Prefeitura. Algumas destas empresas envolvidas foram criadas apenas para disputar as licitações. Em 2009, por conta de investigações, a empresa Cacique Construções teria participado com menos frequência dos procedimentos e a empresa Alves Oliveira Construções Ltda teria passado a ganhar as licitações, de acordo com o MP.
Conforme o promotor de Justiça Marcos Leite de Oliveira, hoje, a polícia dá prosseguimento aos depoimentos dos acusados, inclusive do vice-prefeito. Continuam foragidos: Rynara Ferreira Ramiro, Alisson Deon Cordeiro Câmara, Maria Patrícia Lopes dos Santos, Lívia Julyana Gomes Vasconcelos. Além destas, outras pessoas estão sendo investigadas, mas não tiveram mandados de prisão expedidos.
SAIBA MAIS
Carlos Bandeira é vice-prefeito da gestão Firmo Camurça (PR). Ele foi nomeado secretário durante a gestão de Roberto Pessoa (PR), em 2007, e na atual administração, acumula as duas funções.
A ação do Ministério Público gerou debate entre deputados estaduais, sobretudo, aqueles votados em Maracanaú. O embate envolveu Júlio Cesar Filho (PTN), ex-vereador de Maracanaú e filho do ex-prefeito Júlio Cesar Costa Lima (PSD), e Fernanda Pessoa (PR), filha do ex-prefeito Roberto Pessoa (também do PR), aliado do prefeito Firmo Camurça (PR), além do deputado Lula Morais (PCdoB), que, durante as eleições de 2012, acabou “brigando” com um dos envolvidos no esquema fraudulento e, agora, segundo ele, devolveu os ataques.