O esquema de fraudes em licitações no município de Maracanaú, alvo de ação do Ministério Público e das polícias civil e militar na última terça-feira, 18, gerou debate entre deputados estaduais que disputam voto no Município. A polêmica envolveu Júlio Cesar Filho (PTN), ex-vereador de Maracanaú e filho do ex-prefeito Júlio Cesar Costa Lima (PSD), e Fernanda Pessoa (PR), filha do ex-prefeito Roberto Pessoa (também do PR), aliado do prefeito Firmo Camurça (PR).
Júlio Cesar Filho iniciou pronunciamento lembrando a declaração do secretario da Saúde do Estado, Ciro Gomes (Pros), onde advertia que havia quadrilha atuando e roubando em Maracanaú. Segundo o deputado, as acusações estavam relacionadas à gestão de Roberto Pessoal.
O parlamentar citou ainda que uma das empresas sob investigação - a R. Schuch Construções - pertente ao irmão de Carlos Eduardo Bandeira (PR), vice-prefeito que permanecia foragido até a noite de ontem. Júlio Cesar disse que a empresa já foi criada com intuito de desviar recursos públicos.
Fernanda rebateu o adversário municipal e informou que desde terça-feira a Prefeitura suspendeu o pagamento para as empresas sob investigação. Ela ainda questionou como Ciro Gomes tinha acesso a essas denúncias, levantando a suspeita de que o secretário estaria realmente espionando opositores – como denunciou o deputado federal Eudes Xavier (PT) no inicio do ano passado.
O deputado Roberto Mesquita (PV) também rebateu Júlio Cesar e argumentou que não iria adiantar está falando mal de Roberto Pessoa naquele momento. O deputado ainda afirmou está triste pelos familiares dos que ainda estão foragidos.
O deputado Lula Morais (PCdoB) também comentou no assunto e destacou o envolvimento do ex-presidente da comissão de licitação de Maracanaú, Alisson Deon, nas investigações. Lula disse que Alisson, um dos foragidos, e o grupo político do qual faz parte fizeram denúncias de corrupção contra o PCdoB em Maranguape na última eleição municipal. “Ele, que antes me pediu explicações, é quem precisa dar explicações agora”, apontou o parlamentar do PCdoB.
Foragidos
Até a noite de ontem, nenhum dos cinco foragidos havia sido encontrado ou dado algum sinal de que poderia se entregar.
Ainda são procurados o vice-prefeito e secretário da Infraestrutura, Carlos Eduardo Bandeira de Mello, além de Rynara Ferreira Ramiro, Alisson Deon Cordeiro Câmara, Maria Patrícia Lopes dos Santos e Lívia Julyana Gomes Vasconcelos.
O MP ainda investiga outras pessoas que podem ter participação na fraude, mas, ainda, não tiveram mandados de prisão expedidos contra elas.
A 1º Vara Criminal de Maracanaú informou que foi dada entrada no pedido de liberdade de todos os 10 acusados que foram detidos na última terça-feira. Hoje o pedido seria apreciado pela Justiça.
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Saiba mais
Júlio Cesar informou que a única fonte de renda da empresa R. Schuch Construções eram os contratos com a Prefeitura e que, em menos de um ano, conseguiu contratos no valor de R$ 21 milhões com a administração municipal de Maracanaú .
Ainda segundo Júlio César, o irmão do vice-prefeito se divorciou de sua esposa para que ela assumisse a propriedade da empresa, facilitando assim a entrada em licitações.
Sigilos bancários telefônicos de alguns envolvidos foram quebrados e estão sob investigação.
Alisson Deon, um dos foragidos, é atualmente chefe de gabinete da Prefeitura de Maranguape, também na Região Metropolitana de Fortaleza.
Segundo o Ministério Público, fraudes envolveriam licitações da ordem de R$ 47 milhões, realizadas nos últimos sete anos.