No ano de eleição, a repetição dos distúrbios acontecidos no ano passado é tudo que não querem os políticos As manifestações de junho do ano passado terão relevante influência nas eleições de outubro próximo, ainda mais com a possibilidade de novos protestos em 2014 durante a Copa do Mundo. A avaliação foi feita por deputados cearenses entrevistados pelo Diário do Nordeste, que afirmaram, porém, que a situação será mais preocupante para aqueles que queiram disputar uma vaga para os cargo majoritários, principalmente para a Presidência da República, Governo do Estado e Senado Federal. O deputado João Jaime (DEM) afirma que o problema será causado, principalmente, pela falta de compromisso das autoridades em concluir as obras prometidas quando do anúncio das subsedes que iriam receber os jogos do evento esportivo. Conforme ressaltou, em Fortaleza, somente a Arena Castelão e a avenida Alberto Craveiro estarão prontos em junho. "Venderam à população a informação de que a Copa traria um legado, e na verdade, o que estamos vendo é que apenas esses 'elefantes brancos', que são os estádios, estarão prontos. Para se ter uma ideia, até o dia 31 de março há a possibilidade de cancelamento de até 70% das reservas de hospedagens para a Copa, e isso irá ter um reflexo nos ânimos da população", diz. Resposta O deputado Neto Nunes (PMDB), que já foi prefeito por dois mandatos, salientou que a cada dia que passa a sociedade tem se aproximado mais dos poderes, e as manifestações, que partiram de movimentos sociais espontâneos, foi justamente uma resposta daqueles que estava insatisfeitos com o que vem sendo feito pelo poder público. "A partir de agora, é cada vez mais natural que os candidatos combinem seus perfis com as aspirações da sociedade. Aqueles que não se engajarem no que pensa e clama a sociedade terão mais dificuldades para continuar na vida pública", acenou o peemedebista. O líder do Governo Cid Gomes na Assembleia, o deputado José Sarto (PROS), afirmou que os protestos influenciarão, sim, durante o pleito de outubro próximo. Ele afirmou, porém, que o País está passando por um processo de "amadurecimento" e que nos próximos protestos a população saberá distinguir aqueles que querem lutar pela melhoria da sociedade e os que vão às ruas apenas para praticar vandalismo. "Com a morte do cinegrafista constatamos que há manipulação de pessoas nesses protestos. E a sociedade em geral está atenta a isso. Os movimentos de junho de 2013 foram naturais, todo mundo ia. A partir dessa naturalidade, porém, muita gente de alguns grupos políticos que defendem a anarquia começaram a manipular esse processo. O próximo protesto deverá ter mais maturação política", avaliou. Apesar de acreditar que novos protestos deverão acontecer e que estes influenciarão na decisão na hora do voto, Mauro Filho (PROS) disse que o Governo do Ceará é o único do Brasil que vem atendendo às reclamações feitas durante as movimentações feitas em junho passado. O deputado Sergio Aguiar (PROS), porém, assegurou que, possivelmente, os cargos majoritários serão os mais atingidos pelas vozes das ruas, justamente, como efeito de crises institucionais que possam aparecer. Conforme lembrou, a votação proporcional é mais ligada a pessoas que tenha conhecimento da vida pública e até mais íntima de seus candidatos, pois têm alguma ligação de simpatia ou militância. "Os candidatos a parlamentares até serão atingidos, mas com menor influência", salientou.