Aliados na campanha de 2010: obstáculos quatro anos depois
FOTO: EDIMAR SOARES
Com pouco mais de quatro meses até o prazo do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para definição de candidatos para a eleição deste ano, intensificaram nessa semana as articulações para formação de chapas para a disputa. Se ainda há muita “água para rolar” até o 5 de outubro, um elemento já parece certo nos bastidores da política cearense: dificilmente marchará unido o bloco Pros, PMDB e PT - arco de alianças que governa o Estado desde 2006.
A principal razão para a “crise” entre antigos aliados permanece a quase irreversível candidatura de Eunício Oliveira (PMDB) ao Executivo Estadual. Sem apoio do grupo político de Cid Gomes (Pros) em sua pretensão, o senador acaba entrando na disputa pelo apoio do PT, outra força política decisiva para a sucessão estadual.
Indispensável para ambas as candidaturas, o possível apoio petista complica ainda mais o cenário local: se o alinhamento entre peemedebistas e petistas no âmbito nacional favorece Eunício, pesa contra o senador a proximidade entre a presidente Dilma Rousseff e Cid Gomes - cotado para indicar nome de seu próprio partido, sendo o vice-governador Domingos Filho, o presidente da Assembleia Zezinho Albuquerque, a secretária de Educação Izolda Cela, o ex-ministro Leônidas Cristino e o deputados Mauro Filho os mais prováveis candidatos.
Dentro desse cenário, aparecem diversas composições internas entre os partidos, a maioria ainda sem muito apoio aberto entre lideranças políticas cearenses. Um dos cenários citados, por exemplo, seria de uma candidatura do deputado Camilo Santana (PT) - petista próximo de Cid - ao governo do Estado, com o próprio Cid Gomes renunciando ao governo e concorrendo ao Senado.
A medida, que não é confirmada entre petistas, poderia “solucionar” impasse entre integrantes do PT que defendem candidatura própria do partido no Estado. Entre eles, está o grupo da ex-prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins, que critica posição de “coadjuvante” do partido no processo eleitoral deste ano.
Pesa contra uma candidatura de Santana, no entanto, o interesse do líder majoritário petista no Ceará, o deputado José Guimarães, de disputar pelo Senado, de preferência em chapa com candidato indicado pelo grupo político do governador Cid Gomes.
Crises anunciadas
Com pouco mais de quatro meses até o prazo do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para definição de quem disputará eleições neste ano, estremecimentos no bloco de alianças que governa o Ceará começaram a tomar contornos mais claros. Confirma alguns dos abalos “anunciados”:
Cid e PMDB no Ceará Considerada quase irreversível por conta das pretensões de Eunício Oliveira ao governo do Estado, ruptura entre o grupo de Cid Gomes (Pros) e do senador peemedebista deve contrapor duas das mais influentes forças políticas do Estado. Tensão seria evitada apenas com desistência de Eunício ou declaração de apoio do governador ao peemedebista - ambos cenários improváveis.
Apoio do PT Em caso de ruptura confirmada entre Pros e PMDB, ambos os partidos esperam contar com apoio do PT cearense aos seus candidatos no Estado. Tanto Cid quanto Eunício buscam garantir apoio petista através da aproximação com a chapa de reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT), prioridade da legenda em 2014.
Racha interno petista Diante da perspectiva de palanque duplo de apoio a Dilma Rousseff no Ceará (com candidato de Cid e de Eunício), grupo de Luizianne Lins no PT defende candidatura própria do partido. A tese é rejeitada pelo grupo majoritário petista, que prefere apoiar Cid e lançar candidatura de José Guimarães ao Senado Federal.