Os docentes, alunos e servidores das universidades estaduais do Ceará (Uece, UVA e Urca) continuam ocupando o hall do Plenário da Assembleia Legislativa, para pressionar um diálogo presencial com o governador Cid Gomes (Pros), a fim de garantir melhorias às três instituições de ensino superior. Conforme o líder do Governo na Casa, deputado José Sarto (Pros), o governador só abrirá diálogo, quando as categorias resolverem encerrar a greve. Os manifestantes continuam irredutíveis quanto à manutenção da paralisação e a continuidade da ocupação.
O deputado Tin Gomes (PHS), que está auxiliando nas negociações entre os manifestantes e o governo, afirmou que o protesto é “legítimo”, e ressaltou que esforços estão sendo feitos para que a situação seja resolvida o quanto antes. Segundo ele, o governador propôs um seminário para analisar junto com as categorias, em janeiro de 2014, a estrutura como um todo das universidades.
Sobre a proposta, o Comando de Greve avaliou como “boa”, entretanto, continua a exigir que pautas emergenciais, como a regulamentação do Plano de Cargos, Carreira e Vencimentos (PCCV) e concurso para contratação de professores e servidores, sejam debatidas antes do final do ano, tendo em vista o período eleitoral que se aproxima, e restringe prazos para concursos e capacitação para servidores.
EXIGÊNCIAS ATENDIDAS
Algumas exigências feitas pelo grupo durante a ocupação do Plenário, na tarde de quarta-feira (27), foram atendidas, como um espaço na TV Assembleia, onde puderam explicar os motivos da ocupação e as reivindicações das categorias; a integridade física dos manifestantes e a autorização do tráfego de alimentos e água na ocupação; e a realização de uma audiência pública para debater a autonomia e os orçamentos das instituições.
Requerida pelos deputados Rachel Marques (PT), Tin Gomes, e Eliane Novais (PSB), a audiência foi aprovada, no início da tarde de ontem, na Comissão de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.
REPERCUSSÃO NO PLENÁRIO
Enquanto um grupo de cerca de 30 manifestantes continuavam a proferir palavras de ordem no hall da Casa, a problemática repercutia no Plenário. O deputado Heitor Férrer (PDT) avaliou que os R$ 120 milhões, investidos nos últimos sete anos nas universidades, certificava o “desprestígio” do governo para com a Educação. “Foram R$ 180 milhões para a compra de veículos do Ronda Quarteirão, R$ 180 milhões para a compra de três helicópteros na Alemanha, R$ 386 milhões para a Ponte Estaiada e R$ 81 milhões para banda de forró”, exemplificou.
Já o líder do governo, José Sarto (Pros) respondeu às críticas, afirmando que a atual gestão triplicou os investimentos para as universidades estaduais. Segundo ele, em 2012, foram quase R$ 300 milhões gastos nas instituições. “O governo deu aumento, em 2008, nos PCCV’s em 104% acima da inflação, construiu restaurantes universitários na Urca, residências universitárias, mas nós entendemos que é preciso avançar”, declarou.
TRIBUNAL POPULAR VAI À AL E CONDENA ESTADO
Ainda na manhã de ontem, a Assembleia Legislativa passou por um clima tenso. O Tribunal Popular formado por vários movimentos sociais foi ao parlamento estadual e deflagrou a sentença de um estudo elaborado nos últimos dois anos, sobre os impactos de grandes projetos realizados pelo Governo do Estado. Na ocasião, os manifestantes que se concentravam na área externa da AL exigiam que a sentença, que condena o Estado, por violação dos direitos humanos, fosse lida no interior do equipamento.
Uma comissão formada pelos deputados Tin Gomes, Eliane Novais, Júlio César (PTN), Raquel Marques e Antônio Carlos (PT) intermediaram a situação, decidindo que a leitura da sentença seria realizada na porta principal do equipamento. Na tentativa de impedir uma nova invasão, um grupo de policiais do Choque, do Comando Tático Motorizado (Cotam) e do Comando Tático Rural (Cotar), foi acionado.
Apesar do tumulto, inicial, ao final da leitura, o procedimento deu-se de forma tranquila. “São perímetros irrigados, as obras da Copa, as minerações, o Complexo Portuário do Pecém, aterros sanitários, barragens, projetos para agricultura e várias outras obras que são impostas nas comunidades, que causaram uma série de violação dos direitos humanos, concentrando terras, destruindo recursos naturais”, explicou Tiago Valentino, da Comissão Pastoral da Terra do Ceará.
ROCHANA LYVIAN
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