A Avenida Beira Mar, principal cartão-postal de Fortaleza, ficou na manhã de ontem, toda cor-de-rosa. Milhares de mulheres e apoiadores da luta contra o câncer de mama participaram da V Caminhada Rosa do Ceará, que celebrou todo o movimento realizado ao longo do mês de outubro, que teve a finalidade de mostrar à sociedade, a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama. Na ocasião, cobrou-se o cumprimento da Lei 12.732/13 que prevê o tratamento de câncer em até 60 dias do diagnóstico.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer de mama ocupa a segunda posição no ranking dos cânceres mais frequentes do mundo entre as mulheres, respondendo por 22% dos casos novos a cada ano. O Instituto salienta ainda que, no Brasil, as taxas de mortalidade por este tipo de doença continuam elevadas, tendo em vista o diagnóstico tardio. Em 2012, cerca de 52.680 casos foram detectados, no Brasil. Em 2010, o Instituto deu conta que 12.852 pessoas morreram vítimas de câncer de mama, sendo 147 homens e 12.705 mulheres.
CONSCIENTIZAÇÃO
“Não precisa a gente estar em casa, morrendo e entregando-se à doença”, diz Karla Waldek, 36, que em junho deste ano, descobriu um nódulo no seio, de crescimento rápido. Segundo ela, que participou do evento com amigas e familiares, o movimento Outubro Rosa é importante para conscientizar as pessoas a respeito da prevenção, de buscar informações sobre a doença, que, ao ser descoberta cedo, leva a chance para um tratamento eficaz seguindo-se para 100% da cura. “Uma das coisas que me faz andar de cabeça raspada, sem peruca, é mostrar às pessoas que estou lutando pela vida, e não estou me entregando, e sim vivendo. Além da questão da inclusão social, para que as pessoas acostumem-se a ver o diferente, como algo normal”, disse Karla, com um sorriso estampado no rosto.
A coordenadora do Movimento Outubro Rosa, Valéria Gonçalves, ressalta que o movimento, este ano, além de estimular as mulheres a fazerem a prevenção periodicamente, pelo menos de seis em seis meses, cobra o cumprimento da Lei 12.732/13, que prevê o tratamento de câncer em até 60 dias do diagnóstico. “Esta lei que foi sancionada em maio deste ano, dá o direito às pessoas a iniciarem qualquer tratamento, seja a radioterapia, quimioterapia, ou cirurgia dentro de um prazo de 60 dias. Mas, na realidade, esta legislação não está sendo cumprida”, afirmou.
Valéria ressalva que apesar de muitos pacientes ainda demorarem a iniciar o tratamento no Brasil, houve época em que os pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) esperavam até dois anos para o início de algum procedimento. “É óbvio que a doença avança nesta espera, além de muitos terem falecido”, realça.
Nos cinco quilômetros de percurso, que iniciou no Aterro da Praia de Iracema, findando na Praça dos Estressados, na Avenida Beira Mar, a psicóloga Nauren Knolseisen, 37, seguiu todo o percurso animada. “É importante levantar esta bandeira, principalmente, para as mulheres mais jovens, sobre a necessidade de fazer o autoexame constantemente, de ir ao médico cada vez mais cedo”, enfatiza Nauren.
Segundo a psicóloga, um dos grandes motivos que afastam as mulheres dos consultórios, é o medo de descobrir a doença. “Esse medo muitas vezes protela algo que pode ser achado precocemente. E ao adiar um exame, as consequências podem ser irreversíveis”, pondera.
A deputada Eliane Novais (PSB), que esteve presente na caminhada representando a Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos da Mulher, da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará, pontuou a necessidade de serem incorporados ao orçamento do governo do Estado para 2014, recursos para ajudar a prevenção e auxiliar na cura do câncer de mama no Estado. “É necessário investir em campanhas educativas para que a população esteja em alerta o ano todo, sobre o risco desta doença. E quando identificado, oferecer toda a infraestrutura para que os pacientes realizem o tratamento, possibilitando a cura”, ratificou.
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