O deputado Edson Silva diz que o governador Eduardo Campos nunca se reuniu com os parlamentares do PSB para discutir candidatura
Foto: FABIANE DE PAULA
O sentimento é um só em relação à posição da direção nacional do PSB, motivando a saída dos aliados de Cid da sigla
Os nove deputados estaduais e quatro federais do PSB que estão deixando a legenda para ingressarem em um novo partido têm até o fim da próxima semana para regularizarem suas situações na nova sigla. Apesar de não demonstrarem dificuldade para sair da agremiação, eles deixam transparecer preocupação quando tratam da saída de prefeitos e líderes partidários em suas bases no Interior.
Dentre os que vão sair do partido estão o presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, José Albuquerque, o prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, além do próprio governador do Estado e do seus irmãos Ciro e Ivo Gomes, este deputado estadual licenciado para ser secretário de Educação de Fortaleza.
Segundo o deputado Sérgio Aguiar, a direção nacional do PSB está repetindo a incoerência de 2010, quando foi levantada a hipótese de apresentar o nome de Ciro Gomes para disputar as eleições presidenciais, visto que já havia passado oito anos de Governo petista, assim como oito anos de Governo tucano. "Infelizmente fomos vozes vencidas e como minoria fomos submetidos à maioria. Agora estamos com o PSB no Governo e não é elegante ou leal o PSB querer abandonar o PT para ficar à vontade. Por que não saiu lá atrás? Por isso ficamos sufocados e estamos sendo forçados a sair", lamentou.
Aguiar disse ainda que haverá todo um trabalho de renovação a ser feito nas bases dos parlamentares, visto que, a partir de agora, terão que mostrar as características de expulsão do partido e também, mostrar a necessidade de manter a união em torno do arco de aliança de Cid Gomes. Nesse fim de semana, os pessebistas com bases eleitorais no Interior do Estado estarão preparando suas lideranças para informar da importância de tal unidade. Atualmente, o PSB possui 182 diretórios e comissões provisórias vigentes no Ceará, sendo que a maioria foi renovada recentemente, como o de Sobral, que somente em agosto conseguiu abranger todo o Município. Quando Cid Gomes iniciou os trabalhos à frente da legenda, o partido tinha menos de um terço dos diretórios e comissões provisórias.
Angustiante
Ele lembrou também que foram feitas reuniões em todo o Interior justamente para dar força às bases do PSB em diversos municípios. "Isso daí para nós é doloroso e angustiante, ter que deixar o partido por não sentirmos ouvidos para mostrarmos o que pensamos". O parlamentar ressaltou ainda que Eduardo Campos terá muita dificuldade em sua tentativa de eleição, visto que dos seis governadores do partido, somente Campos e Cid Gomes não tentarão reeleição em 2014, o que permitirá uma situação constrangedora, visto que todos esses estados têm parcerias com o Governo Federal e, assim como o Ceará, apoiam e fazem parte da base aliada de Dilma Rousseff.
O deputado Welington Landim afirmou que já conseguiu falar com a maior parte de suas lideranças partidárias espalhadas pelo Interior e afirmou que eles disseram que o acompanhariam em caso de ingresso em um novo partido, como o PROS, por exemplo. "Eu aviso a eles o que está acontecendo para tomarmos uma decisão em conjunto.
Segundo o pessebista, Eduardo Campos está pensando apenas em si quando procura lançar candidatura própria à presidência da República. "Ele tem o controle da executiva em 100% e isso é totalmente de interesse pessoal dele", salientou.
Sensação
Mirian Sobreira também esteve em constante conversação com suas lideranças nos últimos dias. Segundo ela, a sensação com a notícia dada pela executiva nacional da sigla é de "choque grande", visto a reformulação recente de mais de 50 diretórios no Estado. "Alguns diretórios foram reformulados e é muito ruim porque temos uma ideologia e recebemos essa informação com muita tristeza", disse.
Conforme informou, haverá um prejuízo expressivo para a sigla. "Agora, temos que decidir o mais rápido possível a situação dos deputados que vão para a reeleição, porque até o dia 5 temos que decidir. O grupo está unido e a gente vai para onde nos sentirmos mais seguros".
O deputado federal Edson Silva disse ter recebido apoio de suas bases eleitorais, visto que, segundo ele, a preocupação maior das pessoas é naquilo que foi feito pelas lideranças partidárias e não o partido em que se encontram. Segundo disse, a tentativa de disputa do governador de Pernambuco não é uma unanimidade no partido, ressaltando ainda que, em momento algum, o presidente do PSB se reuniu com senadores e deputados federais para traçar um caminho com tal objetivo.
"Qual é a proposta do PSB para o Brasil? Em janeiro já é campanha e qual é a proposta do PSB? Onde ele mostraria uma cara diferenciada que não uma parecida com a do PT? Nós estávamos lá, nós fizemos parte, porque o PSB é aliado de primeira hora. Isso é um erro estratégico porque o partido não se preparou para apresentar um projeto em sintonia com o povo brasileiro", ressaltou.