O grupo do PSB do Ceará, liderado pelo governador Cid Gomes e formado por 38 prefeitos, mais de 200 vereadores, 10 deputados estaduais e quatro deputados federais, irão definir, hoje à noite, durante reunião do diretório estadual do partido, no Hotel Vila Galé, seus rumos partidários. Segundo fontes do partido, o interesse é encerrar a polêmica e encontrar um novo ninho para a caravana. O PROS, partido recém-aprovado pela Justiça Eleitoral, poderá ser o destino do governador e de seu irmão, o ex-ministro Ciro Gomes.
Ontem, o prefeito Roberto Cláudio e o presidente da Assembleia Legislativa, deputado José Albuquerque (PSB), estiveram em Brasília, onde conversaram com o presidente nacional do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que apresentaram uma espécie de “salvo-conduto”. O objetivo era garantir uma saída amigável, afiançando que a Executiva nacional não pedirá o mandato dos parlamentares.
Embora não tenham confirmando, a decisão de sair do partido ainda será discutida em reunião, o desembarque já foi acertado entre Cid Gomes e Eduardo Campos. “Amanhã, (quinta-feira), nos reuniremos, em Fortaleza, com todo o nosso grupo político para decidir nosso destino político. Iremos discutir se ficaremos ou não”, disse Roberto Cláudio, quando questionado sobre o assunto ao deixar a reunião. Disse, ainda, que Campos “não é nosso inimigo” e que apresentou o desejo de manter a coligação com o PT no Ceará.
Os socialistas do Ceará são contra a possível candidatura presidencial de Eduardo Campos e defendem a permanência da aliança com a presidente Dilma. Na semana passada, a direção nacional do PSB decidiu entregar todos os cargos do governo federal. A assessoria do prefeito Roberto Cláudio, por telefone, negou que ele tenha entregado o pedido de desfiliação ao PSB nacional. Segundo informações, tudo será definido, hoje, durante reunião com lideranças.
“SEM STRESS”
Ao deixar a reunião, Campos confirmou a conversa com os cearenses e disse que não pretende recorrer à Justiça caso integrantes da legenda, no Ceará, desembarque do partido. “Vamos fazer um desenlace se assim entenderem os companheiros do Ceará como boa vontade. Não há ânimo de ir à Justiça por qualquer questão da parte da direção nacional do partido”, disse o socialista, acrescentando que, quando o PSB tomar a decisão oficial sobre as eleições de 2014, aqueles, que não aderirem, devem deixar a sigla. “Ninguém é obrigado a ficar”. Campos disse, ainda, que a separação não terá “stress” e que a disposição é fazer um diálogo fraterno. Conforme assegurou, “agora é hora de olhar para as estradas, de olhar para frente”.
DOCUMENTAÇÃO
Ao jornal O Estado, o ex-deputado e membro da ala histórica do PSB, Sérgio Novais, desmentiu a entrega de um pedido de desfiliação do PSB feitos por Roberto Cláudio e José Albuquerque. Segundo ele, Cláudio e Albuquerque apenas conversaram sobre a situação do grupo no Ceará. Conforme informou, hoje, a maioria da executiva estadual do partido, no Ceará, pedirá destituição e, com isso, Campos autorizou que o secretário nacional do PSB, Carlos Siqueira, acompanhe o processo de composição de uma comissão provisória no Estado. O assunto, inclusive, será tema de uma reunião na manhã de hoje em Brasília. Ressaltou, ainda, que Roberto Cláudio e José Albuquerque prometeram entregar, pessoalmente, a Campos a documentação do partido em Recife.
SAIBA MAIS
• Com o esvaziamento, a cúpula do PSB busca suprir a lacuna da legenda no Ceará e busca alternativa. A ideia é tentar a filiação da ex-prefeita Luizianne Lins, atualmente no PT. Lins deverá ser procurada novamente, na tentativa de convencê-la a aceitar o convite.
Além da situação do Ceará, a direção nacional do PSB discutiu a questão, no Rio de Janeiro, onde decidiu decretar intervenção no diretório estadual. A cúpula do partido também decidiu pela suspensão do mandato partidário de Alexandre Cardoso, prefeito de Duque de Caxias (RJ) e presidente do diretório fluminense, que, segundo representação protocolada pelo deputado federal Glauber Braga (PSB-RJ), estaria trabalhando para atrair filiados para o PMDB do governador Sérgio Cabral.
Até o final desta semana, o PSB nordestino deverá perder outro nome tradicional. O líder do partido, na Câmara dos Deputados, Givaldo Carimbão (AL), antes do início da reunião da executiva nacional, também conversou com Campos, onde afirmou que deixará o partido devido aos arranjos locais. A presidente estadual do PSB de Alagoas, Kátia Born, teria convidado o deputado Alexandre Toledo para entrar no partido. (Laura Raquel, da Redação. Com informações das agências)