O retorno dos ex-secretários do governo Cid Gomes (PSB) à Assembleia Legislativa movimentou ontem os corredores e bastidores da Casa, embora não tenha havido sessão. Com a volta de Camilo Santana (PT), Francisco Pinheiro (PT), Gony Arruda (PSD) e Mauro Filho (PSB), a base aliada ganha reforço na defesa do Governo – especialmente por este último -, no momento em que a oposição tem pautado boa parte dos debates. Além disso, a alteração tem importantes implicações políticas tanto para o dia a dia do Legislativo como para a eleição do próximo ano.
Uma das peças estratégicas nesse jogo é o ex-titular da Fazenda, Mauro Filho. Entre os cotados para disputar o Governo do Estado pelo grupo de Cid no próximo ano, ele foi especialmente elogiado pelo governador na coletiva que anunciou os novos nomes. Embora evite falar sobre o cenário que se construirá até 2014, o desempenho de Mauro na Assembleia daqui em diante tem muito a dizer sobre o futuro da corrida eleitoral.
Seu discurso, na volta, se encaixa nisso. Ele diz que pretende atuar no aprimoramento das matérias que o Governo enviar para a Assembleia. Mas pondera que não vai ficar à mercê da pauta do Executivo e sim trazer temas que possam gerar debate, inclusive relacionados a outras áreas que não a econômica, na qual tem maior expertise.
“Quero suscitar problemas que possam estar existindo em alguns momentos, alguns segmentos do Estado do Ceará e isso enriquecer os debates”, afirma. E acrescenta que saúde e educação estarão entre os assuntos que vai tratar com frequência.
Base mais forte
Embora Ana Paula Cruz (PRB), Dra. Silvana (PMDB), Maílson Cruz (PRB) e Neném Coelho (PSD) também integrassem a base aliada, a expectativa é que a volta dos ex-secretários dê novo fôlego aos governistas, sobretudo nos embates com Heitor Férrer (PDT). Agora, a base conta com quatro nomes que estavam na máquina administrativa, são mais conhecidos do público e têm proximidade com o governador, além de estarem mais habituados aos holofotes.
Heitor Férrer (PDT), diz que não está preocupado. “Não vejo diferença entre os que saem e os que entram. (...) Em número, também não muda nada”, afirma o pedetista. Além disso, cita Heitor, poderá haver efeito contrário. Na avaliação dele, quando alguém que estava na máquina retorna ao Parlamento, pode dá margem para mais questionamentos em relação ao Governo, a fim de esclarecer “algumas coisas obscuras”.
Saiba mais
Heitor Férrer, ao dizer que não se preocupa com as mudanças na base governista, citou que Camilo Santana não tem “nenhum conhecimento do Parlamento”. Isso porque, mesmo sendo o mais votado deputado estadual do Ceará em 2010, o petista foi logo chamado por Cid para assumir a secretaria de Cidades.
Até aqui, ele só exerceu o mandato durante poucos dias no ano passado, quando Cid exonerou os secretários petistas em meio às articulações para a eleição municipal. Ontem, Camilo não compareceu à Assembleia.
Com a volta de Camilo e Pinheiro, o PT passa a ter cinco deputados no exercício do mandato. E passa também a ser ainda mais governista, deixando Antônio Carlos isolado como integrante da oposição.
Pinheiro voltou econômico nas palavras, assim como foi em sua gestão à frente da Secult. Disse que conduzirá seu mandato de acordo com as decisões majoritários do PT e que tentará reeleição. Sobre o novo secretário, Paulo Mamede, afirmou que “é uma pessoa da área, que tem capacidade e deverá fazer uma boa gestão”.