O presidente da Comissão da Seca na Assembleia, João Jaime, tem feito críticas ao secretário de Desenvolvimento Agrário, Nelson Martins
Foto: José LEOMAR
Mesmo com baixa frequência de reuniões, o grupo da Assembleia tece críticas ao Governo do Estado
Apesar de ter as atividades prorrogadas por mais 120 dias, a Comissão Especial da Seca da Assembleia Legislativa ainda não se reuniu após a volta do recesso parlamentar. O colegiado também não deu início às visitas que prometeu fazer, neste semestre, aos municípios que têm alto risco de entrar em colapso, em razão da falta d´água. Mesmo sem terem se reunido, alguns integrantes da comissão continuam criticando, no plenário e nos bastidores da Casa, o Governo do Estado, alegando inércia e falta de gerência nas ações contra os efeitos da estiagem. O presidente do colegiado, deputado João Jaime (PSDB), justifica que tem enfrentado dificuldade para convocar os 16 membros da comissão. Ele afirma que tentou convocar informalmente os integrantes, mas muitos não estão aparecendo em plenário ou dizem não ter disponibilidade para participar da reunião. O tucano informou, contudo, que vai enviar circular a todos os membros, convocando-os para uma reunião na próxima terça.
João Jaime atribui a indisponibilidade de muitos dos integrantes da Comissão Especial da Seca à "falta de interesse" do Governo do Estado em debater o assunto da estiagem, sobretudo em razão das críticas que o colegiado tem feito às ações do Executivo para resolver o problema. Dos 16 integrantes da comissão, apenas dois fazem oposição ao governador Cid Gomes no Legislativo Estadual. Segundo o tucano, como ainda não se reuniu, o colegiado não teve condições de definir o calendário de visitas aos municípios em risco de colapso.
Comedido
O vice-presidente da comissão, Roberto Mesquita (PV), tem discurso mais comedido e diz que a indisponibilidade dos membros do colegiado é causada pela quantidade de integrantes. "São 16 deputados, por isso, para deliberar qualquer coisa é preciso ter no mínimo nove presentes. Às vezes é difícil conciliar os horários de todos", diz. Ele afirma que está analisando as informações do relatório preliminar feito por Welington Landim para propor calendário de visitas ao Interior na primeira reunião.
Apesar de ainda não terem se reunido após a volta do recesso, deputados continuam tecendo críticas ao Governo do Estado por causa da seca. Para Roberto Mesquita, o governador não tem tratado o problema como prioridade e não tem aplicado as ações com inteligência. O deputado defende que o Executivo divida os 184 municípios cearenses em microrregiões e passe a adotar medidas adequadas à realidade de cada uma delas.
Na avaliação dele, a iniciativa vai possibilitar que o Governo dê eficiência à perfuração de poços que estão sendo licitados. "Se uma região não tem água no solo, que concentre a operação de carros-pipa lá. Se outra tem um açude perto, que se construa as adutoras de engate rápido", cita. O parlamentar avalia que falta algum gestor "com pulso".
O líder do Governo, José Sarto (PSB), rebate as críticas. Segundo ele, o governador está acompanhando a execução das ações relacionadas à seca. "Semana passada mesmo, ele entrou em contato com o ministro da Integração Nacional (Fernando Bezerra) para pedir mais recursos para implantação das adutoras de engate rápido", citou. O pessebista atribui as críticas a Nelson Martins como "medo" dos deputados de que o secretário tome bases eleitorais deles durante as visitas ao Interior.