Os deputados da Assembleia Legislativa, membros da Comissão Especial de Convivência com a Seca, não gostaram das explicações dadas pelo secretário do Desenvolvimento Agrário, Nelson Martins, ao Diário do Nordeste, na edição de ontem, sobre a política de cisternas de enxurradas. Eles voltaram a criticar o gestor, defendendo que ele está se utilizando da estiagem no Interior para se promover politicamente.
"Na boca do secretário, só sai cisternas de enxurradas. Nós estamos preocupados, pois talvez 35 ou até 40 cidades entrem em colapso, assim como outros distritos e ele vem me falar de coisa para o futuro", afirmou João Jaime, presidente do colegiado da Seca, justificando que a população necessita de poços ou mais carros-pipa. Ele ainda acusou o secretário de estar fazendo política com a seca, vislumbrando as eleições do próximo ano.
"O secretário vai a cada Município sem comunicar ao prefeito. Se isso não é fazer política eu estou desaprendendo a fazer política. Eu vou fazer um requerimento, porque quero saber onde estão sendo cavados esses poços", afirmou, solicitando apoio da bancada governista.
Já o vice-presidente da comissão, Roberto Mesquita (PV), lembrou que quando o secretário era integrante do Sindicato dos Bancários do Ceará, "ganhava as questões no grito" e agora está faltando competência para fazer política de abastecimento de água. Ele Roberto Mesquita chamou de "picaretagem" a implantação de cisternas de placas de enxurrada. "Eu sei que o secretário será reeleito, mas as cisternas de placa de enxurradas são picaretagem".
Perboyre Diógenes, por outro lado, disse que a carreira política de Nelson Martins acabou quando o secretário "usou" a SDA para conseguir votos, visto que toda tentativa de melhoria da seca proposta por ele em municípios do sertão do Ceará tem viés político. "Nelson Martins chegou na minha cidade pela terceira vez, sem comunicar ao deputado da terra, mentindo, dizendo que está inaugurando o projeto São José. Mas foi desmoralizado e só foram 15 pessoas lá", atacou.