Deputada Silvana Oliveira defende que o Hospital da Mulher atenda a outras especialidades, no mesmo modelo do Instituto Doutor José Frota
Foto: José LEOMAR
Reclamando da falta de leitos na rede pública, parlamentar sugere mudança na concepção daquele equipamento
Diante os grandes problemas que ainda assolam a saúde dos cearenses em todo o Estado, partiu da deputada Silvana Oliveira (PMDB), ontem, na sessão ordinária da Assembleia Legislativa, a proposta de transformar o Hospital da Mulher, principal obra da gestão da ex-prefeita Luizianne Lins (PT), em um equipamento de saúde que passe a atender outros tipos de especialidades, no mesmo modelo do Instituto Doutor José Frota (IJF). Para a peemedebista "não cabe, nesse momento, ter um hospital só de mulher quando há pessoas precisando de vagas". Silvana, no entanto, elogiou o equipamento.O deputado Augustinho Moreira (PV), vice-líder do Governo na Assembleia, também defendeu que o Hospital da Mulher fosse transformado em hospital de emergência, alegando que aquela área da cidade é carente de um equipamento desse tipo e que a obra construída na administração municipal passada está sendo considerada um verdadeiro elefante branco.
Uma das reclamações da parlamentar, que passou mais de meia hora explicando a sua proposta, foi a falta de leitos de suporte no Estado todo, o que causa superlotação nos principais hospitais públicos, como IJF e Hospital Geral de Fortaleza (HGF). Oliveira lembrou, inclusive, a dificuldade para um amigo seu, que sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC), para receber atendimento no HGF. Ela afirmou que foi preciso ligar para o vice-governador do Estado, Domingos Filho (PMDB), para que ele entrasse em contato com o secretário de Saúde, Arruda Bastos, e resolvesse o problema.
Idosos e crianças
Por diversas vezes em seu pronunciamento, Silvana Oliveira, lembrou que houve muito investimento no Hospital da Mulher e, em contrapartida, a maior parte da população passa meses para ser atendida em outras unidades de saúde, quando o equipamento fica fechado para as demais pessoas.
"Não queremos um hospital que atenda apenas as mulheres, mas os homens, os idosos e as crianças", disse a deputada, informando que alguns leitos do Hospital da Mulher estão sendo utilizados para dar suporte ao IJF, mas que deveriam ser destinados a pacientes com necessidades de atendimentos clínicos e os emergenciais.
"Eu clamo por um hospital geral. Tem muita gente esperando nas filas e o Hospital da Mulher está de portas fechadas. Queremos que o Hospital da Mulher seja aberto e que acabe com essa besteira de agendar. Nós precisamos de mais hospitais de portas abertas que atendam homens, mulheres e crianças", ressaltou a peemedebista, que disse ter seu pai acometido por um AVC e faleceu por falta de atendimento emergencial, como disse, fundamental para salvar o paciente.
Embora defendendo hospitais de portas abertas, a deputada passou um bom tempo do seu pronunciamento defendendo a atenção dispensada aos pacientes pelo Hospital Waldemar de Alcântara, o primeiro hospital público de portas fechadas no Ceará, a partir do seu sistema de gestão, diferenciado de todos os demais da rede pública.
Desafogar
A deputada sugeriu ao prefeito Roberto Cláudio que abra algumas dessas vagas ociosas no Hospital da Mulher para pacientes com AVC, por exemplo, e afirmou não estar falando contra o atendimento das mulheres. Ela elogiou o serviço do Hospital Geral de Fortaleza, na parte referente às vítimas de AVC. Dias antes, o deputado Delegado Cavalcante fez críticas ao HGF, pela sua superlotação e a desatenção com alguns doentes que ficam jogados no que ele chamou de "piscinão".
O deputado Mário Hélio (PMN) disse também apoiar a ideia da deputada Silvana, pois acredita que dessa forma iria desafogar os principais hospitais. Já o vice-líder do Governo sugeriu que fosse feito uma consulta popular para saber a opinião da população de Fortaleza.
O deputado Antonio Carlos (PT), contrário a ideia de alteração no funcionamento do Hospital da Mulher, disse que tal mudança fere a proposta inicial do equipamento que foi concebido e estruturado dentro de um conceito que foca na atenção à saúde da mulher. Ele ressaltou ainda que a unidade hospitalar é requisitada para servir de suporte para o Governo estadual.