O governador Cid Gomes (PSB) admitiu ontem retirar itens com “nome exótico” do contrato de R$ 3,4 milhões firmado entre o governo do Estado e serviço de buffet para alimentação e decoração de eventos no Palácio da Abolição. O caso veio à tona na última semana, após denúncia do deputado Heitor Férrer (PDT), e ganhou significativa repercussão nacional.
“Queria que eu fizesse o que? Cancelasse o buffet? Pois se é isso que querem, se é demagogia que vocês estão querendo, eu vou dizer, a partir de hoje (ontem) está retirado do buffet tudo o que tiver nome exótico, tudo que for em inglês, francês, está fora do cardápio. Vai ficar só o que for em português”, disse o governador, durante evento em Fortaleza. Contudo, segundo ele, a mudança não garante que o valor do contrato vai diminuir.
Cid criticou ainda postura de Heitor Férrer – responsável por divulgar o contrato –, a quem classificou como “demagogo”. “Ele (Heitor) tem projetos outros. Ele foi candidato agora, e não foi para deputado não. Mas as pessoas sabem quem é demagogo, e as pessoas não colocam pessoas demagogas em cargos majoritários, porque essas pessoas são boas é no parlamento. No Executivo ninguém pode ser demagogo, porque logo é desmascarado”.
O polêmico contrato
O Governo do Ceará assinou contrato de R$ 3,44 milhões para serviços de buffet e decoração de eventos do gabinete do governador e da residência oficial, com cardápio que inclui lagosta, escargot, caviar e outras iguarias. De acordo com simulação feita pelo O POVO em requisitado buffet de Fortaleza, o valor bancaria, em média, 390 eventos corporativos para 70 convidados – o equivalente a mais de uma festa por dia durante um ano inteiro.
Férrer apresentou requerimento em que solicita explicações do Governo sobre o valor do contrato, publicado no último dia 1º e com validade até julho de 2014. A vencedora da licitação, a Anira Serviços de Alimentos LTDA, é a mesma que já havia vencido pregão anterior, de 2010. De lá até o mês passado, recebeu R$ 2,79 milhões do Governo.
No que diz respeito ao gabinete de Cid e a residência oficial, a Casa Civil afirmou que o dinheiro costuma ser aplicado em “eventos para recepção de autoridades, tais como a vinda da presidenta Dilma Rousseff, ministros, governadores, Fifa, (e outros) onde existem a solicitação desse tipo de serviço”, e que os valores podem ser gastos em até quatro anos. A pasta aponta, ainda, que a licitação seguiu os trâmites legais, com outras 13 empresas na concorrência. (portal O POVO Online, com informações do repórter Aflaudísio Dantas)