POLÍTICA COMO CONSTRUÇÃO DAS PONTES POSSÍVEISSem nem entrar no mérito de como se deu o debate e o embate, de parte a parte, há muitos aspectos positivos na disposição do governador de ir ao acampamento, enfrentar ambiente hostil, ouvir muitas e boas e ir até além até do que seria sua obrigação institucional de lidar com a divergência. Entrando, inclusive, na esfera que não é sua, mas do prefeito Roberto Cláudio (PSB) – situação impensável se as administrações não fossem tão alinhadas e afinadas. Tudo bem que ele não cedeu em nada e usou na negociação promessa que já havia feito há alguns meses, à época de modo incondicional. Também verdade que os manifestantes não mudaram em um milímetro a posição, de modo que tudo permaneceu mais ou menos como estava. Mas se estabeleceu a conversação, que, a bem da cidade, poderá ter prosseguimento em outras formas, esferas e com outros atores. Justiça se faça, Cid não começou a tomar esse tipo de atitude na segunda-feira passada. Já agiu assim ao tentar, algumas vezes, falar com moradores alvos de desapropriações para a construção do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). E, também, em outro grau, ao ir à Assembleia Legislativa responder a perguntas dos deputados. Tudo bem que esse último ambiente é dos mais dóceis. Ainda assim, é tipo de postura impensável nos tempos em que o governador era Tasso Jereissati ou Ciro Gomes. Mesmo com Lúcio Alcântara, mais político e conciliador que os antecessores, não se viu nada semelhante. Com os velhos coronéis, então, nem pensar. O método do atual dirigente estadual, contudo, tem aspectos discutíveis.