Protestos contra fechamento de escola, viagens do governador e desfile de misses abriram o semestre Na reabertura dos trabalhos da Assembleia Legislativa, ontem, nem todos os deputados compareceram, mas as candidatas a misse Ceará estavam todas lá e desfilaram no plenário daquela Casa. O deputado professor Teodoro (PSD), fez o primeiro pronunciamento do semestre.Ligado à área da educação, o deputado, em seu pronunciamento, cobrou explicações da prefeita do Município de Beberibe, Michele Cariello (PP), sobre os motivos do fechamento da Escola Raimundo Fagner, no distrito da Praia das Fontes. Na avaliação do parlamentar, o fechamento de escolas é inadmissível nos tempos atuais. "Gostaria de pedir a senhora prefeita que mande explicações que justifiquem essa sua atitude de fechar essa escola, porque não cabe fechar instituições de ensino no momento em que estamos vivendo. Estamos no momento de abrir novas escolas", declarou o deputado, informando que já deu entrada em requerimento, no Legislativo Estadual, solicitando os esclarecimentos da gestora. Professor Teodoro acrescentou que o caso é ainda mais sério, pois outras cinco escolas do Município também estão ameaçadas de serem fechadas. Os trabalhos da Assembleia foram abertos pelo deputado José Albuquerque, presidente da Casa, anunciando para os seus colegas que será retomado o projeto, iniciado no semestre passado, de mobilização da sociedade cearense em defesa da construção da Refinaria Premium no Estado do Ceará. Ele também anunciou a retomada dos encontros com os secretários estaduais, de quinze em quinze dias, no plenário da Assembleia. Na próxima quarta-feira será a vez do secretário de Segurança Pública, Francisco Bezerra, uma das presenças mais reclamadas pelos deputados. Viagens O deputado Heitor Férrer (PDT) criticou, em seu pronunciamento, os gastos do Governo do Estado com o fretamento de aeronaves nos últimos sete anos. Segundo o parlamentar, levantamento feito por ele aponta que, de setembro de 2007, quando o primeiro contrato de locação foi firmado, até junho deste ano, o Estado já pagou quase R$ 70 milhões a empresas de táxi-aéreo. Para ele, essa é uma cifra "exageradamente elevada". O pedetista destacou que, só de janeiro de 2012 até o último mês de junho, o Governo do Ceará desembolsou cerca de R$ 22,3 milhões com a locação de jatos e helicópteros (R$ 14,9 mi em 2012 e R$ 7,6 mi em 2013). A quantia, diz ele, é quase cinco vezes mais que os R$ 5 milhões gastos pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), com o aluguel de jatos. "Que Governo para voar! Isso é que se chama de Governo voador. Autoridades estão viajando demais", disparou Férrer. "Fico a imaginar como se faz esse fretamento, quem vai, para onde vão os voos", acrescentou, lembrando que deu entrada em requerimento na Assembleia, solicitando, à Casa Civil do Estado, detalhes, como destinos, comitivas, dentre outros, de todos os fretamentos realizados pelo Executivo até o momento. O deputado Roberto Mesquita (PV) avaliou que a postura do governador Cid Gomes, "além de fugir da humildade, é desrespeitosa". "Se (o líder do Governo, José) Sarto, votar (a favor do requerimento de Heitor Férrer), ele vai se envergonhar do que acontece aqui com essa farra que não tem nada de simples. A Liderança do Governo, por sua vez, contestou a fala da oposição. Segundo Sarto, foram gastos apenas R$ 16,8 milhões de 2012 para cá - e não R$ 22,3 milhões como disse Férrer. O líder do Governo classificou ainda como "descabida" a comparação que o pedetista fez entre os gastos do Ceará e de Pernambuco com o fretamento de aeronaves. "Lá, esses R$ 5 milhões são concentrados apenas na Casa Militar e referem-se aos gastos somente do governador Eduardo Campos. Aqui, os R$ 16 milhões é para tudo: governador, secretários, transporte de presos (etc)". Ele esclareceu que os aviões e helicópteros são utilizados apenas para trabalho. Sarto declarou ainda apoio à aprovação do requerimento de Heitor Férrer. "Realmente quem é servidor público tem que prestar contas do que está fazendo. Não sou de maneira nenhuma contra. Heitor, conte comigo no sentido de querer fiscalizar. Apenas os seus dados são diferentes dos meus", afirmou. O discurso do líder foi apoiado por deputados da base aliada. Welington Landim (PSB) avaliou que o aluguel de aeronaves faz parte do processo de modernização da gestão. "O tempo vale, e vale muito dinheiro. Estamos no mundo da velocidade, de se resolver as coisas para ontem e dentro da maior proximidade possível do perfeito. Há necessidade realmente dos olhos do Governo, como um todo, fiscalizando as obras. Secretário não pode passar dois, três dias correndo dentro de um carro. Isso não é luxo. Isso é trabalho. O que vale é o resultado", afirmou.