Emergências sucateadas, lotadas, pacientes nos corredores, falta de medicamentos, carreira médica desvalorizada. A atual situação da saúde pública do País, há tempos, está em Colapso. Na ânsia de resolver o problema, a presidente Dilma Rousseff resolveu importar médicos do estrangeiro, sem a “Revalidação”, exame que afere ao médico formado no exterior, exercer a profissão em outra nacionalidade.
Contra a atitude da presidente e em prol da saúde pública, ontem, médicos de todo o Brasil, realizaram manifestos. Pela manhã, centenas de médicos ocuparam as galerias da Assembleia Legislativa. À tarde, cerca de 2.000 médicos protestaram, em frente ao Palácio da Abolição, seguindo em passeata para o Jardim Japonês, na Avenida Beira Mar.
Durante o ato, na AL, representantes das entidades médicas do Ceará estiveram reunidos em audiência com o presidente, em exercício, da Assembleia Legislativa, deputado Tin Gomes (PHS), onde solicitaram apoio às reivindicações da categoria, como a concretização da obrigatoriedade dos médicos estrangeiros realizarem o exame de qualificação, para exercerem a profissão no Brasil.
Após ouvir a classe médica, Tin Gomes informou que colocará, hoje, em votação, o requerimento do deputado Welington Landim (PSB) que solicita a “Revalidação”, assim como a destinação de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para o financiamento da Saúde. De acordo com o presidente do Sindicato dos Médicos do Estado do Ceará (Simec), José Maria Pontes, além do manifesto transformar-se em requerimento, será encaminhado para os ministros da Saúde, Alexandre Padilha; Educação, Aloizio Mercadante; Relações Exteriores, Antônio Patriota, e para a presidente da República. “Qualquer médico brasileiro, que for atuar, em outro país, realiza uma prova de habilitação. Por que os médicos cubanos não passarão? É uma questão de Justiça”, disse José Maria Pontes.
PALÁCIO DA ABOLIÇÃOPor volta das 15h 30min, médicos, professores, residentes e estudantes de medicina, com seus jalecos brancos, faixas nas mãos e palavras de ordens, iniciaram o segundo manifesto. Na ocasião, o governador, em exercício, deputado José Albuquerque (PSB) recebeu uma comissão que contou, também, com a liderança do presidente do (Simec), José Maria Pontes.De acordo com ele, José Albuquerque congratulou-se com a manifestação. “Acho que a presidente Dilma e o ministro da Saúde, [Alexandre Padilha] vão recuar. Porque é uma pressão tão grande e uma coisa tão absurda. Trazer médicos de fora para resolver o problema da Saúde é mesmo que nos chamar de incompetentes, nos culpar, como se não trabalhássemos, o que não é verdade”.José Pontes denunciou que o descaso com a saúde pública ultrapassou todos os limites. “Ontem, um fato me chocou muito, na emergência, do Hospital Geral. Relatei o caso para José Albuquerque, que também ficou chocado. Não vou divulgar, porque não irá resolver o problema”, disse.
DORMINDOConforme ainda o presidente do Semec, a presidente Dilma fez um grande favor aos médicos. “Com essa decisão de importá-los para o Brasil, ela nos acordou, para que possamos lutar em prol da saúde pública e em defesa da dignidade médica”, justificou.O clínico geral, Francisco Julião Barreto, enfatizou que a grande maioria dos médicos da emergência do HGF, não têm vínculo empregatício, não foram selecionados por meio de concursos públicos, trabalham por cooperativas, além de receberem seus salários com três meses de atraso. “Enquanto o Governo gasta milhões, em coisas não prioritárias, as pessoas continuam, diariamente, a morrerem nos corredores. Se você for agora ao HGF, encontrará pacientes, nos corredores, onde muitos não são vistos, pela falta de médicos”.
DIAGNÓSTICO CORRETO,TRATAMENTO ERRADOPara o vice-presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado do Ceará (Cremec), Lúcio Flávio Gonzaga, quanto à situação da Saúde, o Governo Federal realizou o diagnóstico correto, mas errou no tratamento.“Eles desconhecem profundamente as causas. Falam em importar médicos como se resolvesse o problema da Saúde. É como acabar com a fome, trazendo cozinheiros”, exemplificou, declarando que, “o problema do Sistema Único de Saúde (SUS) é que ele não permite acesso a todo mundo, existe um subfinanciamento, e as condições de trabalho não são coerentes, por isso, os médicos concentram-se nas capitais e grandes centros”.
ROCHANA Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.