O deputado Welington Landim (PSB) foi à tribuna da Assembleia Legislativa, na manhã de ontem, para questionar as medidas anunciadas pela presidente Dilma Rousseff para solucionar os problemas da saúde pública, no País, uma vez que, em sua avaliação, não foram apresentadas medidas concretas para atender as reivindicações populares. O pacote de medidas, também, não foi bem recebido por parte de entidades que reúnem médicos. A categoria, inclusive, realizará uma mobilização nacional hoje.
O parlamentar considerou “surrealista” e “marqueteiras” o pacto proposto por Dilma Rousseff. Segundo ele, além de médicos, faz-se necessário reforçar as equipes médicas com outros profissionais de Saúde, além de fortalecer as instalações hospitalares e as farmácias com medicamentos. Acrescentou, ainda, que a principal reivindicação popular é por leitos nas unidades de Saúde.
“A medicina para ser exercida precisa, além de médicos, de equipe qualificada e instalações equipadas, que permitam um diagnóstico mais simples possível. Necessita de apoio de farmácia. Precisa de higiene. Se temos uma formação que deixa a desejar, imagina com profissionais que não possuem nem entendimento com a língua”, disse o parlamentar, em referência à contratação de médicos cubanos.
MEDIDAS
Na semana, Dilma anunciou as primeiras medidas práticas para responder às reivindicações dos manifestantes. Na Saúde, serão criados 12 mil vagas em cursos de especialização e de residência médica em hospitais públicos e filantrópicos até 2017 e a contratação de médicos estrangeiros. Além disso, o investimento de R$ 7 bilhões já contratados para construção, ampliação e reforma de unidades de saúde. O Governo destinará, ainda, R$ 100 milhões para incentivar a expansão de programas de residência em hospitais e unidades de saúde.
Mas, para Landim, é preciso mais. Segundo o parlamentar, é necessário ter coragem de discutir a composição de uma fonte específica de recursos para financiamento do sistema público de saúde. Disse, ainda, que, enquanto o Brasil propõe um incremento de 0.7% do orçamento, a Argentina gasta 20,4% e a Colômbia 18,2% com saúde. “Acreditar que o incremento de 0,7% irá resolver problema. Onde estamos? Demagogia tem limite. Saúde precisa ser levada a sério. Financiamento deve ser levado a sério”, pontuou. O deputado sugeriu que a base do Partido dos Trabalhadores (PT) solicitasse uma reunião para tratar do assunto.
REFORMA TRIBUTÁRIA
Vários deputados fizeram apartes ao pronunciamento para falar sobre a questão e apresentaram opiniões. A deputada Ana Paula Cruz (PRB) disse ser necessário discutir uma reforma tributária. “Pagamos altos impostos e não se tem serviços públicos de qualidade. Se não houver uma reforma tributária para fortalecer os municípios, não teremos as reivindicações atendidas”, avaliou.
Já o deputado José Sarto (PSB) defendeu melhorias nos salários dos médicos. Segundo ele, em 15 anos, não houve praticamente nenhum ajuste nos valores pagos aos médicos. “Em Fortaleza, diversos hospitais fecharam e a demanda aumentou na rede pública”, comentou.
A deputada Dra. Silvana (PMDB), propôs fortalecer a carreira médica, assim como acontece no Judiciário. “Precisamos tratar os médicos com respeito. Estimular e fazer que eles desejem ir para o interior e não ficar com politicagem”, disse.
Para Lula Morais (PCdoB), dentre as ações anunciadas, a ampliação de vagas de graduação e residência médica são as mais “factíveis”. Já Perboyre Diógenes (PMDB) afirmou que as medidas são “populistas”.
DEFESA
O deputado Antônio Carlos (PT) assegurou que Dilma Rousseff começou a responder às reivindicações, sendo tais metas plenamente exequíveis já que “as elites não fizeram e não vão fazer as reformas profundas que o Brasil precisa”, defendendo a reforma tributária e a taxação de grandes fortunas. O parlamentar indicou as melhorias que ocorreram, no País, durante o governo petista, citando o aumento do índice de geração de emprego e renda, além do poder aquisitivo da população.