LAURA RAQUELDa Redação
O principal assunto entre as diversas lideranças políticas é a onda de protestos em todo o País. Muitos sentiram o golpe. Outros tentam compreender. Ontem, tanto na Assembleia Legislativa quanto na Câmara Municipal, os discursos referiam-se às manifestações, sobretudo a ocorrida, na última quarta-feira, em Fortaleza - dia em que a Seleção Brasileira jogava em solo cearense.
Os discursos, que ganharam força após os atos, ainda são difusos, mas tanto opositores quanto governistas discursaram sobre as manifestações e tentam, de certa forma, entender as bandeiras das ruas. Contudo, quem quiser pegar carona nas reivindicações, segundo especialistas políticos, podem “dar tiro no pé”, caso exagere na dose.
O deputado Dedé Teixeira (PT) foi à tribuna afirmar que o povo está reivindicando participação nas decisões políticas, atualmente, segundo ele, manifestada somente no período eleitoral.
Já o deputado Antônio Carlos (PT) avaliou que, diferente do que foi alardeado, as manifestações não são contra o governo do PT, mas efeito de uma democracia que está entrando em “falência” e, portanto, precisa ser revista. E aproveitou para rebater as críticas da participação de alguns políticos, no arco de aliança do governo federal, como José Sarney e Renan Calheiros, ambos do PMDB. “Alguns deles apoiam sim e alguns não são motivo de alegria para mim, não”, disse, acrescentando que “isso não quer dizer que, em nossa aliança, não avançamos o País, no sentido de incluir, consolidar aspectos da democracia”.
O vereador Acrísio Sena (PT) foi além e disse concordar com as demandas dos movimentos. Segundo ele, diante dos fatos, entra na ordem do dia do governo federal uma nova agenda, um novo debate que nasceu das manifestações. “É uma nova realidade que temos que destacar.
Precisamos conscientizar os movimentos a negociar com os Governos”, salientou o petista, observando que as manifestações não são direcionadas ao Governo Dilma, “até porque quem faz a leitura das ruas, dos cartazes, sabe que é uma pauta difusa”, que, em sua opinião, “são perfeitamente reconhecíveis e possíveis de serem negociadas”.
CRÍTICADo lado tucano, o deputado João Jaime (PSDB) condenou o diálogo do PT diante das manifestações. Para ele, os atos são em função do governo Dilma Rousseff. “Ninguém aguenta mais essa bobagem. Esse discurso é fácil. Hoje, o PT é a elite no Brasil. Eles também estão privatizando tudo e todas essas manifestações são, em sua essência, contra o governo Dilma. Só não deram nome aos bois até agora”, comentou.
O deputado Ely Aguiar (PSDC) foi na mesma linha. “Essa manifestação é sim contra a administração que está aí há dez anos”, afirmou o parlamentar, completando que, além da insatisfação com a classe política, a manifestação cobra ações efetivas do governo, citando que, para o Ceará, a União prometeu refinaria, transposição do São Francisco e ações de combate à seca e nada saiu do papel.
REFORMA POLÍTICATomados pelas manifestações, teve quem defendesse a aprovação da Reforma Política, ainda engavetada no Congresso Nacional. O primeiro a se manifestar sobre o assunto foi o deputado Augustinho Moreira (PV).
“Se não houver uma reforma política, o País vai pegar fogo”, disse o parlamentar, ressaltando que o País não suporta mais “políticos maquiavélicos” que perpetua-se no poder e nunca faz nada pela população. O deputado Professor Teodoro (PSD) também defendeu a reforma política. “Se não fizer isso, vamos ter partidos ultrapassados. Devem-se criar novas maneiras de representar o povo, que não está sendo bem representado”, pontuou.