Em 29 de maio, Wagner anunciou que tinha 16 assinaturas. No dia 30, O POVO informou que ao menos quatro nomes seriam retirados
FOTO: DEIVYSON TEIXEIRA
Antes mesmo de iniciar tramitação na Câmara Municipal, a CPI para investigar supostas milícias na Polícia Militar do Ceará já dá sinais de que não sairá do papel. Nos últimos dias, quatro vereadores retiraram assinaturas da proposta, reduzindo o total de subscrições de 16 para 12 - menos que o mínimo exigido para a instalação do grupo, 15. Autor da proposição, o vereador capitão Wagner Sousa (PR) acusa aliados da gestão Roberto Cláudio (PSB) de pressionar parlamentares que assinaram a proposta.
“Se o governo pressiona para que a base derrube a CPI que investigaria denúncias contra mim mesmo, é porque sabe que não existe nada contra o capitão Wagner. Estou de alma lavada”, afirma Wagner Sousa, acusado pelo ex-ministro Ciro Gomes (PSB) de chefiar milícia ligada a narcotraficantes na Polícia Militar do Estado.
Voltaram atrás no apoio a CPI os vereadores Alípio Rodrigues (PTN), Bá (PTC) e John Monteiro (PTC). Além deles, também removeu sua assinatura o vereador Márcio Cruz (PR), correligionário de Wagner e um dos primeiros apoiadores da proposta.
“O Márcio é da base aliada, deve ter sido pressionado para voltar atrás”, diz Wagner. Procurado pelo O POVO, Márcio Cruz preferiu não se manifestar sobre o caso. Segundo sua assessoria, ele tratará do assunto hoje, na Câmara.
Já Alípio Rodrigues (PTN) afirma que a decisão de retirar seu apoio ocorreu após reunião com vereadores da base aliada do prefeito. “Eles me alertaram: ‘Rapaz, não se meta não, porque isso é confusão de gente grande e vai acabar sobrando pros pequenos que nem você’”, disse o vereador. Segundo ele, o caso deve ficar a encargo da Assembleia. Também foram procurados, nos telefones de seus gabinetes e por celular, os vereadores Bá e John Monteiro.
Ganhar tempo
Na semana passada - antes das assinaturas serem retiradas -, Wagner acusou a Mesa Diretora da Câmara de segurar a criação da CPI mesmo após ele ter conseguido o número mínimo de subscrições necessárias. O objetivo, segundo o vereador, seria “ganhar tempo” enquanto a base pressionava parlamentares a retirarem apoio ao grupo.
O líder do governo na Câmara, Evaldo Lima (PCdoB), rebateu a possibilidade, afirmando que não houve qualquer intervenção da base do prefeito Roberto Cláudio (PSB) no caso.
Entenda o caso
20/5. O ex-ministro Ciro Gomes denuncia a existência de milícia ligada a narcotraficantes na PM do Estado. Segundo o irmão do governador, o grupo seria chefiado por capitão Wagner.
22/5. O Conselho Estadual de Segurança (Consesp) e o Ministério Público do Ceará anunciam que cobrarão investigações dos órgãos de Segurança Pública sobre a existência de milícias na PM.
24/5. Wagner pede instalação de CPI para investigar existência de milícias na PM e anuncia possuir 14 assinaturas.
4/6. Mesmo conseguindo 16 assinaturas, a CPI não é instalada. Capitão Wagner acusa a Mesa Diretora da Câmara de tentar “ganhar tempo” para que vereadores retirem seus apoios.
Serviço
O assunto será retomado na sessão de hoje da Câmara Municipal
Quando: a partir das 9 horasOnde: Câmara Municipal
Outras informações: www.cmfor.ce.gov.br