A audiência Pública realizada na Assembleia Legislativa, na sexta-feira última, teve como tema a ponte estaiada sobre o rio Cocó, projeto do governo do Estado, que tem o apoio da Prefeitura de Fortaleza, tendo a Câmara Municipal já aprovado o projeto de lei complementar que permite a sua construção.
Durante a audiência, o projeto recebeu críticas de representantes de entidades ligadas ao urbanismo, ao meio ambiente e à engenharia de tráfego. O principal argumento utilizado para justificar a obra – o desafogamento da avenida Washington Soares e adjacências – foi contestado por profissionais e entidades representativas do pensamento urbanístico, ambiental e de tráfego, dentre os quais o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-CE) e o Departamento de Engenharia de Trânsito da UFC, além de parlamentares.
Na ocasião, eles apontaram outras possibilidades - mais eficazes e mais baratas - sem comprometer ainda mais o ecossistema do Cocó. Para os urbanistas, existem alternativas como a construção de vias paralelas à Washington Soares, com o prolongamento da avenida coronel Miguel Dias, ou ligações entre as avenidas Atilano de Moura e Pontes Vieira/Virgílio Távora e entre a José Leon e Edilson Brasil Soares, de resultados que, segundo eles, seriam mais eficazes para a melhoria do tráfego.
Esses especialistas ainda lamentaram que a decisão tenha sido tomada sem que um debate mais amplo tivesse sido realizado com os vários atores sociais, atentando para a necessidade de se pensar a cidade a longo prazo, de modo a combinar as necessidades do presente com a previsão do que acontecerá em futuro próximo ou mais distante, pois tem de se pensar no usufruto urbano de agora, aliado ao bem-estar das gerações futuras.
Em situação dessa natureza, a Câmara Municipal deveria ter tido mais sensibilidade, de modo a cumprir o papel para o qual foi eleita, qual seja, o de servir de caixa de ressonância para as opiniões de fermentam na sociedade. Assim, o mínimo a se esperar do Legislativo Municipal seriam a promoção de audiências públicas, como fez a Assembleia Legislativa, e que fomentasse o debate, de modo que tanto aqueles que defendem o projeto como os que o criticam pudessem expor seus argumentos livremente, e em igualdade de condições.