A deputada Silvana Oliveira afirmou que não defende o voto em lista fechada, porque a população deve saber em quem está votando
FOTO: JOSÉ LEOMAR
Deputados discordam sobre alguns pontos, como financiamento público de campanha e voto em lista fechada
A Reforma Política voltou a ser pautada pelos deputados estaduais, ontem, na Assembleia Legislativa, em sessão plenária. O deputado Dedé Teixeira (PT) apresentou algumas das propostas defendidas pelo seu partido, que foram questionadas por Silvana Oliveira e Carlomano Marques, ambos do PMDB.
Dentre os pontos defendidos pelo PT, estão o financiamento público de campanha, voto em lista fechada e paridade entre homens e mulheres para os cargos públicos. Para Dedé Teixeira, somente com mobilização nacional da população haverá a reforma, que, na opinião dele, é fundamental para o País e encontra muitas dificuldades por conta de interesses dos partidos.
"Não há nenhum interesse de se avançar na reforma mais importante para o País", ressaltou ele, lembrando ainda que, na sexta-feira passada, o diretório nacional aprovou a realização de um referendo para debater a reforma e a fidelidade partidária junto à população. O objetivo é colher 1,5 milhão de assinaturas para a criação de uma emenda de iniciativa popular que será apresentada durante o congresso do PT, em fevereiro de 2014.
"Na nossa opinião, se não houver isso, é muito difícil que esses pontos sejam aprovados, porque há uma manobra para que não haja qualquer discussão e nem de apreciar em plenário, correndo o risco de a reforma de não ser aprovada", reclamou. De acordo com ele, o financiamento privado de campanha é a "célula principal de corrupção eleitoral" no Brasil. O petista lembrou ainda que os maiores financiadores de campanha são empreiteiras e construtoras.
Interesse
Fernando Hugo (PSDB) ressaltou que a discussão vem se arrastando desde 1991, quando se apresentava uma reforma política, eleitoral e partidária, com diversos debates em inúmeras ocasiões. "Há dois anos, eu me desencantei com essa história, pois apresentaram a nós duas comissões, uma no Senado e outra na Câmara Federal. Isso é não querer discutir o interesse do pessoal. Fizeram para atrapalhar a discussão", reclamou.
Silvana Oliveira, por sua vez, disse que não concorda com a lista fechada, defendida pelo PT, pois, segundo ela, a população precisa continuar escolhendo seus representantes. A peemedebista também defendeu ser necessária a redução dos custos das campanhas políticas.
Para a deputada, a opção pela lista fechada pode se tornar "um tiro no pé da população". Por isso, opina, é necessário alertar a sociedade sobre o tema. "Vai ser muito estranho o eleitor votar em um candidato e seu voto ir para o candidato que a cúpula do partido julgar melhor", comentou.
Caciquismo
O deputado Carlomano Marques defendeu a reforma política no País, mas salientou que ela só se faz necessária para "desatar os nós da democracia e não criar mais gargalos". Para ele, na lista fechada, quem manda é o "caciquismo". "É o filho do presidente que ele coloca na lista e só serão escolhidos os líderes. Nossa senhora me defenda da lista. Eu sou favorável ao voto distrital misto, porque acabaria com o fato de o deputado disputar com o mesmo colega".
Sobre o financiamento público de campanha, afirmou que a proposta retira o dinheiro da população para financiar a política. "Isso vai ser o caixa três. O caixa um é do partido, que não funciona; o dois, o tempo da televisão que é um monopólio indigno. Quem vai impedir um candidato rico do partido usar o dinheiro?", indagou.
Já Dedé Teixeira chamou de "excrescência" o financiamento privado, hoje, no Brasil. "O financiamento privado tem que ser para o partido e não para a campanha. Eu concordo com o fundo partidário, porque os partidos políticos do Brasil estão longe de serem representação da sociedade", afirmou.