Além de deputados e membros do colegiado, a reunião ocorrida no Corpo de Bombeiros contou a presença de secretários municipais
FOTO: VIVIANE PINHEIRO
Fortaleza. Quase um ano após instalado o Comitê Integrado de Combate à Seca do Ceará ainda há 16 municípios que não contam com nenhum serviço emergencial de abastecimento de água. Outro problema acarretado pelo período prolongado da falta de chuvas tem sido a deficiência no suprimento de alimentação animal, uma vez que desde fevereiro não chegou nenhuma remessa de milho.
Esses foram alguns dos assuntos abordados, ontem, durante a realização de mais uma reunião ordinária do comitê, que aconteceu no auditório do Corpo de Bombeiros Militar do Ceará, em Fortaleza. Na ocasião, deputados estaduais quiseram conhecer de perto as ações do colegiado, tanto no sentido de que a seca já se prolonga praticamente pelo segundo ano, quanto pela necessidade de avaliar que providências vêm sendo tomadas para minorar o sofrimento das populações mais atingidas. Estiveram presentes os deputados Lula Moraes (PC do B), Nenem Coelho (PSD), Mirian Sobreira (PSB), Fernanda Pessoa (PR) e Roberto Mesquita (PV).
O deputado Lula Moraes disse que, desde maio, quando a Comissão foi instalada havia uma necessidade de se acompanhar o que se vem fazendo e o que poderia melhor em favor das comunidades do Interior. "Esse é um momento de analisar o que está sendo feito, verificar o que é prioridade e daí mobilizar o Legislativo através da Comissão Especial da Seca", disse.
Durante a reunião, o secretário do Desenvolvimento Agrário, Nelson Martins, que também é coordenador estadual do Comitê, destacou a desassistência no abastecimento de água que ainda ocorre em 16 cidades, mas ressaltou que a responsabilidade é dos gestores, uma vez que precisam encaminhar os projetos para atendimento pelo poder público.
Ao mesmo tempo, Martins enfatizou que há a necessidade de concentrar esforços para, urgentemente, obter alimentos para o rebanho. Lembrou a última reunião ocorrida pelo Pacto das Águas, ocorrida no último dia 18 dias na Assembleia Legislativa. No encontro já havia sido manifestado a apreensão dos produtores rurais quanto à suspensão no fornecimento de milho. A última remessa aconteceu em janeiro deste ano, numa quantidade inferior a um terço da demanda.
Propostas
Com isso, foram propostas alternativas para o Estado, dentre elas, a produção de forragem em áreas ociosas, em torno de 18 mil hectares, pertencentes aos perímetros irrigados mantidos pelo Departamento Nacional de Obras Contras as Secas (Dnocs). Para tanto, a Faec chegou a sugerir a instalação de mais 20 pivôs centrais para a irrigação.
Também foi sugerida a compra de feno e forragem da iniciativa privada. "O que nós queremos é apresentar alternativas para salvar o nosso rebanho", disse Nelson Martins.
Ele afirmou que existe milho, em função da super safra existente no restante do País, recursos, mas o produto não tem chegado ao Ceará. Ainda na reunião do Agropacto ficou decidido que parlamentares da bancada federal intermediaram uma reunião do Comitê com a presidente Dilma, mas até o momento não houve encaminhamento nesse sentido. Enquanto isso, o diretor de Operações da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), Ricardo Adeodato, disse que as reservas do Castanhão garantem, precisamente, o abastecimento para Fortaleza e Região Metropolitana ainda neste ano. Segundo afirmou, os níveis de evaporação e do uso desordenado não deixam margens para expandir as expectativas em caso de, pelo menos, três anos seguidos de seca.
A Cogerh apresentou um levantamento sobre a situação dos reservatórios administrados pela Companhia, bem como o relatório atualizado do abastecimento d´água das sedes municipais com maior risco de colapso.
Atualmente, o reservatório do Castanhão conta com cerca de 6,7 bilhões de metros cúbicos de água. Boa parte é destinada para a Região Metropolitana de Fortaleza onde estão concentrados 3,5 milhões de habitantes e cerca de 90% do parque industrial do Estado.
Contudo, disse que já estão sendo tomadas medidas de restrição do uso de água para o agronegócio, como no Vale do Curu, onde o fornecimento sofreu uma redução de 50%.
Também no encontro havido ontem secretários municipais de Morada Nova manifestaram preocupação com o crescente êxodo rural na região. Segundo o secretário de Agricultura, Renato Mourão, é difícil "estimular o jovem a manter-se na zona rural com cultivos de milho e com a seca sempre presente", disse.
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MARCUS PEIXOTOREPÓRTER