União só no AI-5
Não existe uma bancada tão desunida como a do Nordeste na Câmara dos Deputados. O abandono que a Região sofre neste instante de agonia sem a configuração de um bom inverno, é uma consequência da falta de harmonia dos nossos representantes que não sabem se defender em bloco. A única vez que os 151 deputados do Nordeste votaram juntos num mesmo objetivo foi a favor do Ato Institucional Número Cinco, baixado em 13 de dezembro de 1968, concedendo ao general Costa e Silva, presidente da República, poderes constitucionalmente ilimitados para decretar o recesso da Câmara dos Deputados, Assembleias Legislativas e Câmaras de Vereadores municipais em todo o País. E os deputados nordestinos estavam lá rezando no catecismo revolucionário. De lá até os nossos dias, a moeda do toma-lá-dá-cá tem funcionado para premiar a conveniência dos representantes do flagelo nordestino. O exemplo é triste, mas é verdadeiro e está nos Anais da Câmara. Nem a seca, a maior fábrica de miséria do planeta desperta nesses deputados o sentimento de solidariedade humana. Essa constatação ficou patente no recente encontro da Comissão de Agricultura da Assembleia Legislativa do Ceará e empresários do Agropacto, para discutir a seca. Os políticos de Minas Gerais são solidários no câncer, mas os nossos, desconhecem que a seca é o nosso câncer. Na revolução, os deputados resguardaram-se de uma situação dominante entregando-se à força do regime para não perder mandatos; os mandatários de hoje são insensíveis ã força da natureza que destrói lentamente a coragem de viver do sertanejo, vítima indefesa de intempéries climáticas no seu habitat. Eles não aceitam a interpretação de que a seca processa no Nordeste uma cassação ao direito de viver, sem precisar de nenhum AI-5, e algo com essa caracterização é uma pena de morte, um crime de traição a sua própria gente.
• Grandeza. Luís Girão, ex-deputado federal que deixou na orfandade o setor agropecuário da nossa representação, em Brasília, é secretário de Agricultura de Limoeiro do Norte sem receber proventos. Pelo prazer de dar o seu conhecimento e a sua contribuição à causa.• Paz e harmonia. Na Assembleia Legislativa, de Zezinho Albuquerque, respira-se paz e harmonia entre servidores e deputados. Na sexta legislatura com passagem em vários cargos da Mesa Diretora, o presidente conduz a Casa sem exercer pressões.
• Armação. Advogados do deputado Carlomano Marques, após derrubarem a liminar de cassação do seu mandato, pretendem entrar com pedido de suspeição contra o jornalista que fundamentou o processo. Acreditam que estava em curso uma armação para afastá-lo da AL.
• Castigo. Ex-líder de Cid Gomes na Assembleia Legislativa, o deputado Antônio Carlos, PT, diz que o governador sentiu na pele o gosto amargo de ver o hospital da sua cidade no chão, antes de se levantar. – Foi o castigo por ter criticado o Hospital da Mulher, finaliza.
• Agenda. Luizianne Lins chega, hoje, para temporada em Fortaleza. O deputado Antônio Carlos, fiel escudeiro, preparou longa agenda a ser cumprida pela Executiva até novembro, quando termina o consulado da sua “chefa”.
• Solidariedade. O presidente José Albuquerque foi a Itapagé, na terça-feira, levar solidariedade ao empresário Elihu Bastos, abalado com o falecimento do seu genitor. Um gesto nobre que o diferencia de lideranças que esquecem os amigos quando estão no poder.
• Encontro. Poucas audiências foram tão proveitosas quanto o encontro promovido pela Comissão de Agricultura, na última segunda-feira, para discutir a seca. O deputado Hermínio Resende não é de discursos, mas mostra trabalho positivo.