Atuante nas questões de Segurança Pública e combate às drogas no Estado do Ceará, o presidente da Comissão de Defesa Social e da Subcomissão para Avaliar a Problemática das Drogas, deputado Delegado Cavalcante (PDT), declarou-se, ontem, favorável ao programa de internação compulsória que começa a ser adotado por estados como São Paulo e Rio de Janeiro.
“Sempre fui a favor. A gente conhece bem o que a droga química faz, principalmente com o adolescente. Com o consumo do crack, chega numa fase em que a pessoa não sabe mais o que está fazendo”, ressaltou.
O parlamentar lembrou que não apenas o dependente químico corre risco de morte, mas também os seus codependentes – familiares, amigos e outras pessoas que fazem parte de seu convívio. “Acredito que a Medicina tem a obrigação de recolher numa entidade que faça o tratamento, que o dependente venha a ter uma melhora”, frisou o pedetista.
Em São PauloA internação compulsória em São Paulo – uma parceria entre o Governo do Estado de São Paulo, Tribunal de Justiça, Ministério Público Estadual, OAB-SP e Defensoria Pública – teve o seu primeiro caso registrado na última quarta-feira, 23, pelo Centro de Referência de Álcool, Tabaco e outras Drogas (Cratod).
No mesmo dia, além da internação compulsória, outras 11 internações foram realizadas, de acordo com o balanço da Secretaria da Saúde daquele Estado. O programa é direcionado apenas a dependentes químicos com estado de saúde considerado grave e sem consciência de seus atos atestada por psiquiatra.
SUBCOMISSÃO DAS DROGASDelegado Cavalcante informou que apresentará um balanço da Subcomissão da Assembleia para Avaliar a Problemática das Drogas no Estado do Ceará, da qual é presidente, logo após o término do recesso parlamentar. Segundo o deputado, um relatório também será apresentado pelo relator da subcomissão, deputado Danniel Oliveira (PMDB). A subcomissão foi lançada em 2011.
A Assembleia Legislativa sediou, no mês passado, uma reunião de apresentação do Plano Fortaleza de Prevenção e Atenção Integral aos Usuários de Crack e Outras Drogas: Liberdade é Viver Sem Crack, da Prefeitura Municipal. Servidores de diversas secretarias municipais, representantes de organizações não-governamentais e da sociedade participaram do evento.
O foco dos trabalhos é a prevenção e a redução de danos à integridade física e moral dos usuários. Crianças e adolescentes são as principais vítimas. Por isso, pais e responsáveis também chegaram a receber capacitações. Conforme a Prefeitura, o Plano pretende criar núcleos integrados e a incorporação das políticas de Saúde, Assistência Social, Direitos Humanos e Educação.
SITUAÇÃO CALAMITOSAEspecialistas calculam que cerca de 80% dos dependentes químicos internados nos hospitais psiquiátricos de Fortaleza sejam por causa do vício em crack. A Organização Mundial de Saúde (OMS) contabiliza haver seis milhões de brasileiros dependentes. Dados da gestão anterior dão conta de que a Prefeitura de Fortaleza atende a cerca de três mil pessoas por mês nos seis Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD).
Ainda segundo os dados da gestão passada, desde 2011, existem 120 vagas em seis comunidades terapêuticas parceiras. O crack, particularmente, é conhecido pelo alto poder de vício, fazendo com que o usuário torne-se um dependente químico praticamente ao primeiro contato com a droga.