A sessão ordinária da Câmara Municipal de Fortaleza, ontem, foi marcada por um debate sobre as articulações para composição da futura Mesa Diretora da Casa, encabeçada pelo vereador Walter Cavalcante (PMDB).
A discussão foi levantada em função da condução das articulações, que, segundo Adail Junior (PV), primeiro vice-presidente, um grupo formado por 24 vereadores estaria tomando decisões por todos os 43 parlamentares eleitos.
Do início ao fim da sessão, vários parlamentares se pronunciaram sobre o assunto, demonstrando insatisfação. Adail Junior foi quem iniciou o debate ao afirmar que não aceitará ficar subordinado aos demais vereadores. “Aqui não é propriedade privada. Aqui é a Casa do Povo. Não vou abaixar a cabeça para 24 vereadores”, salientou, acrescentando “não ser boneco”. O parlamentar cobrou que a condução para indicação das comissões obedeça a critérios anteriores, como a proporcionalidade de cada partido.Na última quarta-feira, Walter Cavalcante afirmou ter garantido o apoio de 33 vereadores e, portanto, só aguarda a decisão para anunciar a composição da Mesa, hoje. Contudo, nos bastidores, alguns parlamentares já questionavam este apoio por conta da negociação para distribuição de cargos por um grupo de vereadores.
O vereador Adelmo Martins (PR) afirmou que alguns vereadores estão insatisfeitos com a condução da composição da nova Mesa. Para ele, a metodologia utilizada precisa ser repensada, observando a proporcionalidade de cada partido. Marcílio Gomes (PSL), porém, classificou as articulações de “ditatoriais”.
O vereador Antônio Henrique (PTN) e o vereador Salmito Filho (PSB) reconheceram a existência de um grupo formado por 24 parlamentares. Entretanto, segundo Henrique, após a decisão de apoiar Walter Cavalcante, esta aliança deve ser extinta, tendo em vista a construção de um consenso. Já Salmito defendeu a permanêcia da coligação, que, segundo ele, trabalha para garantir um processo democrático, diferente do que afirmou outros parlamentares. “Não é verdade que o grupo deseja comandar a Câmara Municipal”, afirmou José Carmo (PSL).
FALTA PROJETOJá João Alfredo (PSOL) fez críticas ao processo ao dizer que as divergências fazem parte dos erros de articulação, que, segundo ele, seguem interferências externas e falta proposta a ser apresentada tanto ao Legislativo quanto para sociedade. Disse, ainda, que o PSOL apresentará candidatura para disputar a Presidência da Mesa Diretora. Para o parlamentar, além de seguir a proporcionalidade partidária, as indicações para Comissões Técnicas Permanentes da Casa devem observar afinidade e competência.
O líder do PSB na Casa, Elpídio Nogueira, citou que a intenção é que também haja um consenso na formação das Comissões. Conforme afirmou, irá conversar com Walter Cavalcante, para que sugestões sejam encaminhadas aos partidos. “Iremos respeitar as proporcionalidades”, pontuou. (Laura Raquel e Rodolfo Oliveira, da Redação).
“Vamos apoiar Acrísio Sena”Em reunião realizada ontem na sede da Executiva Estadual do PT, o partido decidiu manter a candidatura de Acrísio Sena à presidência da Mesa Diretora. Os líderes petistas não fizeram vetos à candidatura do vereador Walter Cavalcante (PMDB), mas chegaram à conclusão de que é preciso respeitar a proporcionalidade das bancadas que compõem a Casa. Falando à reportagem, o vereador petista Ronivaldo Maia disse que “percebemos que a Mesa que aí está sendo proposta não é plenamente representativa, uma vez que, não obstante o apoio declarado ao Walter Cavalcante, há ainda muita insatisfação”. Ronivaldo foi enfático ao dizer que “há muito inconformismo hoje na Câmara com essa atual situação”. O petista afirmou também que “faltam ainda muitos dias para o dia da eleição [marcada para o dia 1º de janeiro] e, até lá, o PT decide manter a candidatura de Acríso e, paralelamente, continuar conversando com os partidos em busca de uma Mesa mais representativa”.