“O Brasil não é qualquer país, somos um dos países mais ricos do mundo e por que temos tantas desigualdades e problemas sociais? Onde está o dinheiro? O problema do Brasil não é falta de verba, nunca foi, mas só vamos mudar esta situação se enfrentarmos o problema da dívida, que a cada ano, em âmbito federal, está absorvendo 45% do orçamento da união”, esta foi a declaração ao jornal O Estado, da auditora fiscal e coordenadora da Auditoria Cidadã da Dívida, Maria Lucia Fatorelli, em audiência promovida, ontem, pela Câmara Municipal de Fortaleza em parceria com a Assembleia Legislativa, que discutiu sobre a dívida pública.
Segundo Fatorelli, é necessário realizar uma auditoria, para estudar a dívida federal, no qual afirmou estar veiculada a “indícios de ilegalidade e ilegitimidades”, dos quais já foram constatados pela CPI da dívida. “A sociedade está pagando esta conta, arcando com peso de tributos, que incidem sobre os rendimentos, em cima de todos os bens e serviços que consumimos, contudo, os estados e municípios não têm recursos suficientes para investir em educação, saúde, transporte e segurança”, avaliou.
Para ela, o endividamento público é um dos principais problemas que impede o País de crescer. “Não podemos continuar pagando dívidas ilegais, ilegítimas, que foram geradas por mecanismos financeiros, dos quais, só beneficiando o setor financeiro privado, prejudicado o setor público da nossa Federação, impedindo os direitos humanos”.
SISTEMA DA DÍVIDAFatorelli também questiona o sistema da dívida, que funciona tanto âmbito da União, dos Estados e dos Municípios. Segundo ela, a crise da Europa, ajuda a esclarecer o entendimento do “sistema da dívida”, porque muitas dívidas nascem para salvar setores privados.
“A Europa endividou-se não por ter feito grandes financiamentos públicos, mas por entrar na farra dos derivativos sem lastro, da especulação com papéis podres, contudo, para salvar os bancos, gerou-se dívidas”, e questionou, “agora quem está pagando a conta? Isto é dívida pública?”.
Para ela, o endividamento público, devia ser um “instrumento” importante para financiar a União, Estados e Municípios, contudo, pondera que este instrumento “foi usurpado pelo mercado financeiro. Temos que desvendar isto, fazer discurso, não vai nos levar a lugar nenhum”, delatou, salientando ainda que, “o modelo Capitalista escolheu a dívida para ser o veículo de sangria de recursos da sociedade em todo mundo, porque dívida é uma coisa que todo mundo respeita”. (Rochana Lyvian, da Redação)