A caminho da polarização?
A supersemana de pesquisas começou ontem com a consulta Vox Populi apresentando o que pode ser o início de uma tendência. A saber: Moroni Torgan (DEM) mantendo a liderança e o crescimento dos candidatos que representam os dois blocos de poder antagônicos.
Desde a sexta-feira passada, o conteúdo da propaganda eleitoral do deputado estadual Roberto Cláudio (PSB) já deixava claro que mudanças no quadro das intenções de voto estavam em pleno andamento. Muito cedo, o PSB decidiu polarizar.
O candidato de Cid Gomes assumiu o confronto direto com o PT e com Elmano de Freitas. Fez isso atacando frontalmente a gestão de Luizianne Lins na Prefeitura. Claro que as pesquisas internas já mostravam o crescimento do candidato do PT rivalizando com a do PSB.
Outro dado: em redes sociais, Ciro e Ivo Gomes batendo duro na peça publicitária em que Lula aparece ao lado de Elmano de Freitas. Ficou claro o incômodo. O fato é que a estratégia adotada pelo PSB é extremamente perigosa e de resultados duvidosos.
Quem bate agrega rejeição. Quem bate, abre o flanco para apanhar. A estratégia do confronto direto empurra o petismo para a posição de ataque. Detalhe: quem conhece o governador, desconfia que Cid não gosta da condução dada. Afinal, é o Governo dele que tende a ser vítima de ataques.
Por enquanto, sabe-se que a ordem no petismo é não polarizar na campanha oficial. Essa do palanque eletrônico. O que não impede que outras mídias sejam usadas para tratar de temas delicados e com poder, digamos, “viral”.
Tem gente de peso do PT esfregando as mãos para, por exemplo, entrar de sola na guerra de opinião puxando o tema do show privê de mais de R$ 3 milhões financiados pelo tesouro estadual para inaugurar um equipamento público.
No comando do PSB, havia a expectativa de que a avaliação da gestão de Luizianne iria impedir o crescimento do candidato petista. Na mesma proporção, a avaliação popular do Governo Cid rapidamente empurraria o candidato do PSB para cima. Nem uma coisa, nem outra.
Nesse ponto, uma má notícia para o Governo de Cid Gomes, âncora da candidatura do PSB. Comparem com o caso de Recife. Lá, o candidato de Eduardo Campos (PSB) cresceu 22 pontos em menos de um mês (Datafolha), já empatando com o candidato do PT.
A pesquisa foi boa para Moroni, que vem (até aqui) conseguindo manter a fidelidade de parte significativa de seu eleitorado. Foi melhor ainda para Elmano e Roberto, que cresceram em relação às outras pesquisas (de outros institutos, é verdade).
Porém, os resultados do Vox Populi foram muito ruins para Inácio, Heitor, Roseno e Cals. Os quatro sofrem com falta de estrutura, poucos recursos e tempo curto demais na propaganda gratuita.
Atentem que esses problemas também tendem a afligir Moroni Torgan. Não duvidem, portanto, se o andamento da campanha levar à definitiva polarização entre os dois grandes blocos de poder.
Hoje, prosseguirá a rodada de consultas com mais uma do Ibope. Amanhã, será a vez da segunda pesquisa O POVO-Datafolha. Ressalte-se que o Datafolha é o único instituto de pesquisas de opinião do País que não trabalha para governos e/ou partidos.