Durante discurso, ontem, na Assembleia Legislativa, o deputado Carlos Matos (PSDB), que preside a Comissão Especial da Casa que acompanha as obras de Transposição das Águas do Rio São Francisco, disse que não "confia mais" nos prazos dados pelo Governo Federal para a conclusão do Eixo Norte, que deve beneficiar o Ceará. As obras do eixo estão atrasadas desde junho de 2016 e, de lá para cá, a conclusão já foi adiada diversas vezes. A previsão, agora, é para setembro próximo.
Após reunião ocorrida na segunda (16), na Assembleia, com a Comissão da Câmara Federal que também acompanha as obras, representantes do Governo do Estado e do Ministério da Integração Nacional, Carlos Matos demonstrou preocupação com a verba assegurada pela União para o projeto. Segundo ele, foram desviados, em 2017, R$ 160 milhões do montante de R$ 307 milhões previsto para a Transposição. A suspeita é de que o dinheiro tenha sido "desviado" para uso político. "Em 2018, o Orçamento é de R$ 450 milhões, mas só foram gastos R$ 11 milhões", reclamou.
Ainda segundo Carlos Matos, a empresa responsável pelas obras, Enza-Siton, está "quebrada" e conta com 800 funcionários "ameaçando fazer greve" por falta de pagamento. O parlamentar disse que o próprio Ministério da Integração Nacional admite que a empresa poderá abandonar as obras e afirma que só deverão estar prontas em setembro, e não mais em junho, como havia sido prometido.
Cenários
"A construtora pode abandonar a obra. Se abandonar, temos três cenários: o primeiro é ter um ano e meio para fazer nova licitação; isso significa Transposição lá para 2020. Segundo é colocar o Exército para concluir a obra, e o terceiro e mais viável é transferir o contrato para uma nova construtora do próprio consórcio, porque há dinheiro (em caixa)", frisou o tucano.
Segundo o parlamentar, a Comissão da Câmara que fiscaliza as obras deve se reunir com a Agência Nacional das Águas (ANA), para discutir a outorga para o uso das águas da Transposição e também deve fazer uma visita às obras do Eixo Norte.