A retomada das atividades legislativas, ontem, com a volta dos trabalhos na Câmara Municipal de Fortaleza e da Assembleia Legislativa animou os servidores públicos municipais e estaduais a reafirmarem cobranças ao Poder Executivo. Pela manhã, dentistas e enfermeiros do município de Fortaleza protestaram em frente ao Paço Municipal, sede da Prefeitura de Fortaleza. Na ocasião os profissionais realizaram uma Assembleia e protocolaram o pedido de audiência com o prefeito Roberto Cláudio.
O objetivo, segundo a categoria, é discutir o corte do auxílio refeição estabelecido por decreto do executivo. Outro ponto reivindicado pelos dentistas e enfermeiros foi a reposição salarial da inflação que já acumula perdas de 19%.
Os sindicalistas informaram que os servidores deveriam ter iniciado o ano com o reajuste das perdas inflacionárias, cumprindo a Constituição. “O trabalhador sofre perdas há anos e percebemos que os governantes permanecem massacrando o servidor público”, disse Valeska Camurça, diretora do Sindiodonto.
“Vale lembrar que a Prefeitura de Fortaleza não apresenta déficit no orçamento como outros municípios do Brasil o que não justifica esse ataque aos trabalhadores”, ressalta a categoria.
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Já em frente à Câmara Municipal, ao som de um carro de som, servidores da administração municipal protestaram quanto à data-base e ao reajuste salarial e outras reivindicações da categoria. Alguns servidores, inclusive, chegaram a acompanhar a solenidade de abertura dos trabalhos legislativos.
Representantes de entidades como a Frente de Mobilização Povo Sem Medo munidos de faixas cobravam moradia, aporte financeiro para o IPM Saúde, dentre outros pontos de pauta. Segundo o material, as entidades criticaram a solução para enxugar os gastos da máquina pública.
A reivindicação dos trabalhadores públicos ocorre no dia de retorno das atividades dos vereadores, que, ontem, realizaram sessão solene de abertura dos trabalhos.
Em discurso, o prefeito Roberto Cláudio afirmou que manterá o mesmo nível de abertura de diálogo com as entidades e sindicatos.
Servidores estaduais
Servidores públicos estaduais também promoveram um protesto na manhã de ontem (1º). A mobilização em frente ao prédio da Assembleia Legislativa teve como tema “O aniversário de dois anos sem a reposição salarial”. Na ocasião foi realizada “uma festa às avessas” onde os trabalhadores acompanharam uma “marcha fúnebre”, “velando” a reposição salarial, com direito a bolo confeitado, banda e humorista que interpretou a “viúva” do servidor público. “Muitos servidores não têm dinheiro nem para pagar um sepultamento. Ontem, por exemplo, morreu um vigilante lotado na Secretaria de Desenvolvimento Social (Stds) e a associação que pagou todas as despesas, cedendo inclusive o túmulo coletivo da entidade”, disparou Hilda Nepomuceno.
Os manifestantes fecharam a Rua Barbosa de Freitas e colocaram um caixão centralizado na via, evitando o acesso de veículos. Duas horas após o início do ato, com a chegada do governador Camilo Santana, os integrantes do Fórum Unificado das Associações e Sindicatos dos Servidores Públicos Estaduais do Ceará (Fuaspec) foram proibidos de entrar nas dependências da Casa Legislativa. O deputado Renato Roseno (Psol) tentou negociar a entrada de uma comissão, contudo, a coordenação do Fuaspec não aceitou. “Estamos no sol e chuva e essa Casa é do povo. Não aceitaremos a entrada de um pequeno grupo, pois todos querem participar da reunião”, declarou Rita de Cássia Gomes, presidente da Associação dos Servidores da Secretaria de Educação do Estado do Ceará – Fuaspec.
Os ânimos ficaram acirrados com a proibição. Sendo assim, os servidores públicos deliberaram que ninguém sairia do prédio usando o portão que havia sido trancado pela PM. Em meio à confusão, o chefe da Casa Civil, Nelson Martins, comunicou que esta semana haverá uma reunião para definir a reposição, sendo a mensagem enviada ainda no mês de fevereiro. “Qualquer aumento oferecido menor que 20,43% será considerado migalha”, comentou Ana Maria Cunha, coordenadora geral do Fuaspec, lembrando que o percentual de 20,43% foi apresentado como proposta durante a Mesa Estadual de Negociação Permanente (Menp). “Ficaram de nos repassar os valores antes da mensagem chegar na Assembleia Legislativa, mas essa é mais uma prova de desrespeito”, disse Eliene Uchoa, presidente do Sindetran/CE.