Em entrevista ao jornal O Estado, o vereador Soldado Noélio (PR) avaliou as prioridades para o seu primeiro mandato, citando suas promessas de campanha e explicando sua atuação na área de segurança pública. Dentre as propostas apresentadas, o parlamentar falou sobre a realização de plebiscito para a construção de grandes obras. Ele apontou a importância da população de acompanhar a atuação política de seus escolhidos na urna. Para tanto, lembrou que a ideia já é prevista na legislação, e teria evitado o impasse antes da construção do viaduto do Cocó, ocorrido no início do primeiro mandato do prefeito Roberto Cláudio (PDT). Ao comentar sobre a proposta de armar a Guarda Municipal, o parlamentar defendeu a matéria. Inclusive, defende, em parte, a proposta do vice-prefeito Moroni Torgan (DEM). Entretanto, fez algumas ressalvas. Segundo ele, a Guarda não pode ser reduzida a “menino de recado” para Polícia Militar, o que significaria, segundo ele, subestimar a competência dos profissionais de segurança municipal. Noélio ainda falou sobre o Uber e sua parceria com os deputados: Capitão Wagner (estadual) e Cabo Sabino (federal), ambos do PR, além de sua atuação em outras áreas como saúde e educação.
[O ESTADO] Como o senhor está se preparando para este início de mandato?
[SOLDADO NOÉLIO] Na verdade, estamos organizando a equipe e quais as áreas que vamos começar a atuar já no começo do mandato, já no início das sessões legislativas. Assim, não esperamos iniciar as sessões para começar a trabalhar. Na verdade, a gente já está trabalhando, inclusive dando entrada em alguns projetos para ajudar o Município a se desenvolver, exercendo o papel de oposição, que é tão importante.
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Eleito para o primeiro mandato, com o apoio do deputado Capitão Wagner, Noélio já apresentou projetos que ampliam a participação popular
[OE] Em 2011/2012 participou da greve da Polícia. Em 2013 foi demitido da PM. Reintegrado à Polícia por decisão da Justiça em 2015. Foi nesse período que nasceu o desejo de ingressar na política?
[SN] Todo cidadão, independentemente de ter interesse de entrar na política ou não, quer ajudar a população. Às vezes, escolhe ser policial porque quer ajudar. Escolhe ser médico porque quer ajudar. Escolher ser jornalista porque, de alguma forma, quer ajudar as pessoas. O que me fez aceitar este desafio de entrar na política, nunca quis ser político, foi na verdade este desejo de ajudar, porque, na verdade, já ajudava através da associação que representa profissionais da segurança. Mas, era um público específico. Agora, não. Como vereador irei ajudar muito mais. Vou poder romper este muro da área da segurança e ajudar na saúde, educação e outras áreas.
[OE] Qual a sua relação com os deputados Cabo Sabino e Capitão Wagner? Existe uma parceria? Eles influenciam na sua atuação?
[SN] Temos grandes amigos que participaram deste movimento de luta e reconhecimento dos profissionais da área da segurança pública em geral. Capitão foi um grande apoiador. Foi quem me deu start, dizendo que eu tinha condições de ser um representante da população de Fortaleza. Sabino também foi um grande companheiro. Então, não tenho dúvidas que eles têm uma parcela muito grande de contribuição nesta vitória e alcançado esta cadeira, que é tão difícil na Câmara de Vereadores. Reconheço a importância dos profissionais da segurança na minha eleição. Sem dúvida nenhuma, a grande maioria dos meus eleitores são profissionais da área da segurança pública e outras pessoas ligadas a eles. Capitão já teve a experiência, inclusive, foi o vereador mais bem votado na história de Fortaleza. Não tem como não aproveitar a força dele. Sabino têm a experiência de Brasília. Não tem como não aproveitar suas parcerias. Já estamos conversando com Cabo Sabino, para que as emendas parlamentares sejam colocadas para Fortaleza. Capitão me dá muitas dicas e explica o funcionamento da Casa. Mas, também estamos nos preparando e estudando para fazer um mandato a altura que a população espera.
[OE] O senhor é vice-presidente da Associação dos Profissionais de Segurança. Como pretende representar a sua categoria na atuação parlamentar?
[SN] Essa eleição de tantos representantes da área da segurança, representa uma preocupação da população com este quesito. Uma área muito sensível. Ela, juntamente com a saúde, é a área que a população mais reclama. Para quem acompanha meu mandato, apesar de estarmos ainda em recesso, que se iniciou no dia 1º de janeiro, já fizemos visitas ao IJF e no Frotinha do Antônio Bezerra. Então, isso já dar sinais claro que nosso mandato não será de uma nota só: a segurança. Já conversei com o diretor do IJF. Lá, no Frotinha tinha um problema com um aparelho e, nós ajudamos a cobrar o concerto. Já tive reunião com a secretária do Município. Com certeza, a população de Fortaleza pode esperar de um mandato do soldado Noelio atuação de todas as áreas. Definir como parâmetro segurança e saúde, mas, em paralelo, queremos dar palestras nas escolas, para falar o papel do vereador e evitar conflitos em relação às responsabilidades. Nosso mandato está aberto.
[OE] No recesso, o senhor apresentou alguns projetos que tratam da ampliação da participação popular. Um deles institui o marco legal que regulamenta plebiscitos, referendos e a iniciativa popular. A proposta impõe um número de possíveis consultas? Quem arcará com os custos?
[SN] Hoje, já há uma previsão na Lei Orgânica do Município, que diz que deve haver um plebiscito em obras de grande valor econômico. Não é qualquer obra. Deve ser uma obra que você analisará. Tem um cronograma de obras a serem realizadas. Aí, você vai analisar qual o valor exorbitante que será aplicado. Então, esta obra deve passar por plebiscito, para que a população, maior afetado ou maior beneficiada, possam opinar se concordam ou não. É dinheiro nosso. Assim, como de grande impacto ambiental. Houve aquele problema com a construção do viaduto. Se tivesse tido o plebiscito, teria evitado aquela ocupação. Se o que é previsto na legislação fosse executado, não seria necessário que as pessoas ficassem lá defendendo aquele espaço. A ideia é executar o que já prevê na legislação. Não só esse, mas os outros projetos também, é incluir a população na política de Fortaleza. As pessoas estão acostumadas a votar e esquecer, e quatro anos votará de novo. A participação é a oportunidade de não só escolher, ali, mas acaba observando mais seus políticos.
[OE] Mais um projeto seu quer incluir no site da Câmara enquetes para que os fortalezenses opinem sobre projetos discutidos na Casa. Como seria?
[SN] A gente que está eleito representante do povo deve uma satisfação as pessoas. No caso, o projeto de resolução, temos de copiar as boas ideias. Em Brasília, tanto no Senado como na Câmara dos Deputados, já há este projeto, que são enquetes que colhem a opinião da população sobre projetos em tramitação nas Casas naquele momento. Então, sé há projeto polêmico em tramitação, fazemos a consulta para que o vereador tire dúvidas sobre o posicionamento da população e tenha um direcionamento. Então, a ideia é que tenhamos um canal oficial, que consulta a população. Hoje, com esse acesso maior a tecnologia e redes sociais, as pessoas poderão votar lá e participar, dando sua opinião. Acho assim, que o representante político, tem de haver orientação da população. Mas, se há discordância é necessário haver debate e beneficiar o maior número de pessoas.
[OE] Como vice-líder da oposição, qual a expectativa para atuar em uma Câmara com a composição de maioria governista?
[SN] Missão da oposição é importante, única. Oposição ao prefeito Roberto Cláudio se manifestava no candidato Capitão Wagner. Capitão teve 582 mil votos. Então, são pessoas que discordam da maneira de gerir da gestão. Então, precisamos nos unir e aprovar. Precisamos nos organizar e trabalhar. Para eles, é incômodo, mas para população é benefício. Mas, vamos fiscalizar. Apesar de pequena é propositiva.
[OE] No dia 24 de janeiro, o senhor participou de uma reunião com o prefeito Roberto Cláudio. Qual foi a sua impressão?
[SN] Na verdade, temos um almoço para apresentar os secretários. Depois tivemos uma conversa preliminar. Foi uma atitude positiva do prefeito, de sentar e ouvir a oposição. Já apresentamos algumas ideias na área da segurança e apontamos pontos para armamento da guarda e gratificação para todos, tendo em vista que a guarda municipal possui X salário e outro efetivo que ganha um salário bem menos, efetuando o mesmo trabalho. Conversamos, também, sobre iluminação pública e fizemos a sugestão de serem implementadas primeiro na área de maior número de assalto, pois acreditamos reduz este tipo de crime com uma simples intervenção. Conversamos com entorno de duas horas com o prefeito. Ele se mostra resistente ao Uber, mas não fechou as portas. Então, precisamos conversar mais.
[OE] O senhor defende armar a Guarda Municipal. Porquê?
[SN] Precisamos avaliar a cidade como um todo. Fortaleza, hoje, é uma cidade muito violenta. Atuei na polícia durante sete anos. Muita gente, hoje, possui arma de forma ilegal. A bandidagem, de forma geral, está armada. O que não dá para entender como o prefeito discorda de armar a guarda municipal. O que não dá para entender é a incoerência de quando ele discorda de armar a guarda municipal e, esse mesmo prefeito, contrata segurança armada para Prefeitura. Não entra na minha cabeça essa incoerência. O guarda municipal é o profissional de segurança do Município. Ele deve ser preparado para levar segurança pública no âmbito do município para população. Como se justifica discordar de armar a Guarda, e ele mesmo contratam uma segurança privada com arma. Do ponto de vista do cidadão, nós queremos utilizar as praças, mas temos medo. Hoje, o guarda municipal está na praça, mas o marginal está fumando maconha ao lado, pois não há respeito, porque não têm medo. Já há outras cidades que a Guarda é armada e presta serviço público muito relevante. Outro ponto apontado durante a campanha, que a Guarda não pode ser armada, grande mentira. A lei 13.022 deixa claro que a Guarda pode ser armada, basta apenas a prefeitura ter coragem de armar e treinar a Guarda.
[OE] A primeira proposta do vice-prefeito Moroni Torgan, na área da segurança, prevê a instalação de torres de segurança e câmeras de monitoramento, além da parceria da Guarda Municipal com a Polícia Militar. De alguma forma este projeto atende as propostas que o senhor defende?
[SN] A proposta de monitoramento é interessante, inclusive, é uma proposta que iremos sugerir a prefeitura. A Guarda trabalhando em parceria com a Polícia. Mas, uma guarda desarmada é uma situação hipotética. Ele está numa torre de monitoramento e têm um assalto, o que irá fazer. Vai, apenas, acionar a polícia. Se for? Ele estará apenas papel que qualquer cidadão pode fazer. Esse não é o papel da Guarda. O mero ato de ligar para o Raio, ou 190, não é papel da Guarda. Reduzir a Guarda apenas menino de recado para Polícia Militar é subestimar a competência dos profissionais do Município.
[OE] A atuação do Uber aqui em Fortaleza tem causados diversos conflitos. O senhor pretende levantar o debate sobre a regulamentação?
[SN] Quando comecei a discutir sobre o Uber, analisava do ponto de vista do usuário. Transporte de preço mais barato, atendimento, muitas vezes, muito bom. Defendia o serviço, porém, do ponto de vista do usuário. Aí, quando você começa a estudar a legislação, lá fala do transporte público e privado. O Uber se enquadra como transporte privado. Porque o carro é particular. O motorista vai se quiser. Não é obrigado a ir atender. Nós precisamos discutir e orientar a população. O prefeito Roberto Cláudio se equivoca ao jogar que a responsabilidade é federal, porque isso não se justifica devido a previsão da lei. Espero que o prefeito não espere ocorrer uma desgraça na cidade, até porque os casos de violência são repetitivos. Não tenho nada contra os taxistas, pois acho que eles também são vítimas deste sistema.
KEZYA DINIZ
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