Atos desagregadores
Como na célebre e primeira peça de William Shakespeare, “Comédia de Erros”, a sucessão da mesa diretora da AL é tida pelos analistas como uma das mais lamentáveis sequências de equívocos da História daquela casa, que terminou descambando para uma intempestiva colocação em pauta de uma antiga proposta de extinção do TCM, da lavra do deputado Heitor Férrer. O resultado final não poderia ser outro, ou seja, o esfacelamento de uma das mais sólidas bases parlamentares que os governos do Estado já tiveram. Esse esfacelamento não representa apenas uma crise passageira entre aliados, mas um rompimento que pode redundar na corrosão da base do grupo político liderada pela talentosa, mas ambiciosa dos membros políticos da família Ferreira Gomes. A audiência pública de sexta-feira (16), sobre a maior polêmica política do ano, foi apenas a primeira de outras, cujo resultado será o mesmo, ou seja, aprovada ou não a fusão-extinção do TCM, a maioria dos aliados de ontem passará a atuar em campos opostos, e o que é pior, em clima de crescente agressividade, fomentada pela belicosidade irrefreável entre o presidente eleito daquela corte, Domingos Filho, família e aliados contra os Ferreira Gomes, e cujo epílogo será uma guerra já aberta envolvendo deputados e dezenas de prefeitos ligados aos dois lados. Esse espalhafatoso “divórcio” político, como observam lideranças sensatas, preocupadas com a avassaladora crise financeira em que se acha o Ceará, é o que de pior poderia acontecer ao Estado, justamente quando é mais necessária a união de todos para superá-la, como pregava o presidente da Fiec, ao ser escolhido “Homem do Ano” pela elite literária na ACLJ. Infelizmente, nem todos têm a clarividência do grande líder empresarial.