Em entrevista ao jornal O Estado, o presidente da Assembleia Legislativa, deputado estadual Zezinho Albuquerque (PDT) avaliou as prioridades para o terceiro mandato à frente do Legislativo estadual.
Dentre as propostas apresentadas, o parlamentar falou que trabalhará para aproximar ainda mais o Parlamento da sociedade. Ele apontou, ainda, a problemática envolvendo a questão hídrica e disse que a Casa se manterá ativa em busca de soluções.
Em relação às eleições de 2018, Zezinho limitou-se a dizer que disputará novamente cargo de deputado estadual, afastando qualquer especulação de que concorreria ao governo do estado, ou comporia uma chapa como vice-governador.
O senhor foi reeleito, no último dia 1º de dezembro, para comandar a Assembleia Legislativa por mais dois anos. Quais as prioridades desta nova gestão?
A prioridade é sempre colocar a Assembleia cada vez mais próximo da população. Nós entregamos um trabalho de um ano, que é do Comitê Cearense pela Prevenção de Homicídios na Adolescência. Discutimos porque a criminalidade entre os jovens é tão grande, além de quais as causas da violência e saber porque estão deixando as escolas. Foi um trabalho desenvolvido pela Assembleia. E, assim, vamos continuar debatendo os grandes problemas. Discutimos, ainda, as questões envolvendo recursos hídricos, o Pacto pelo Pecém; o Ceará sem Drogas; dentre outros. Sempre estamos inovando e participando dos problemas que envolvem o povo cearense, tanto conhecendo o problema, por meio de pesquisa, quanto elaborando sugestões para o Governo do Estado e Prefeituras.
E quais as maiores dificuldades das suas duas gestões anteriores?
Todo Parlamento tem dificuldades no dia a dia, porque é uma Casa de vários pares. Você tem uma Mesa Diretora, mas, somos 46, e todos precisam estar unidos. Cada deputado defende interesses próprios, mas não há um grande problema nacional, estadual ou municipal relevante que não tenha sido discutido na tribuna da Assembleia.
A Assembleia vem atuando fortemente no acompanhamento da crise hídrica do Ceará. O senhor pretende manter essa mobilização?
Temos uma frente parlamentar cuidando da questão hídrica. Já estivemos nas obras da transposição do Rio São Francisco. Já estivemos no canal Welington Landim, que levará as águas da transposição para o outro lado do Ceará. Esta Frente está constantemente trabalhando. Mas, temos aí, cinco anos de chuva abaixo da média, o que é um grande problema porque os reservatórios não tem mais água. A solução, então, é perfurarmos mais poços e aguardar a transposição do São Francisco. Mas, a solução mesmo é o bom inverno que iremos ter, se Deus quiser.
A Assembleia oferece diferentes serviços ao cidadão e, nos últimos anos, os canais de comunicação aproximaram ainda mais a sociedade do parlamento. Esse é um caminho sem volta. Como o senhor pretende aumentar essa parceria?
Nós temos uma parceria não só com as empresas privadas de divulgação, que estão presentes aqui na Casa e temos os próprios meios de divulgação. Por exemplo: a TV Assembleia, que passou a ser digital. Nós temos, ainda, estúdios panorâmicos, inclusive os melhores do país. Temos profissionais que se dedicam a trazer o melhor para uma televisão pública, por meio de jornais e programas. Aliás, temos uma grande audiência e qualidade nos serviços prestados, seja nas revistas, jornais e na televisão.
Aqui na Assembleia é possível observar o crescimento da bancada de oposição nos últimos anos. O senhor já acompanha o parlamento há muitos anos. Com o olhar de quem conhece o dia a dia do parlamento, qual a diferença entre a oposição que o governador Cid Gomes enfrentou e esta que se contrapõe às propostas do governo Camilo?
Durante a gestão Cid Gomes, nós tínhamos um país crescendo. E Cid, muito hábil e inteligente, fez projetos que nunca foram feitos em nenhum Estado. Hoje, temos funcionando 16 escolas profissionalizante e várias para inaugurar, fora outras escolas de ensino médio. Nós, tivemos o maior número de quilômetros de estradas entregues. Nós, tínhamos uma economia crescendo. Foram feitos hospitais e Ceos (Centros de Especialidades Odontológicas). De repente, entramos numa crise política e financeira, onde o governador Camilo Santana precisa juntar todo dinheiro para poder continuar investindo em educação, saúde, enfim, melhorar os serviços para sociedade. Para isso, precisou aumentar impostos para manter o Ceará. O governador Camilo Santana tem sido muito firme nas finanças do Estado, por isso, estamos com a folha em dia, enquanto tem Estados próximos pagando ainda a folha de outubro. Já vimos isso antes. O Ceará, há muitos anos atrás, não conseguia sequer pagar sua folha de pagamento. Então, precisamos fazer modificações para o Ceará continuar investindo na saúde, educação e segurança, além dos investimentos necessários.
A sua eleição mexeu com os bastidores da casa e gerou um confronto direto entre aliados, deixando feridas expostas em alguns parlamentares. Por outro lado, o senhor é considerado um “homem de diálogo”. O senhor acredita que vai ser possível unir a base novamente?
Houve uma disputa, mas ela foi democrática. Uma disputa limpa. Uma disputa bem democrática e republicana entre Zezinho Albuquerque e o deputado Sérgio Aguiar – meu amigo e meu primeiro secretário na Mesa Diretora, por quem tenho grande admiração. Foi uma festa para democracia. As coisas estão mudando. Há 30 anos, não se fazia uma disputa. Era sempre aquela Mesa eclética com a representação das maiores bancadas. E é direito e legítimo que qualquer deputado queira ser presidente da sua Casa Legislativa. E, novamente, quero agradecer a oportunidade pela votação, que me permitiu continuar a frente da Assembleia. Primeiro agradecer a Deus, depois ao povo do Ceará e depois aos amigos deputados, que me colocaram três vezes na presidência da Assembleia. Como disse, houve uma disputa democrática. Ainda hoje dei um abraço no Sérgio. Sabemos que o projeto para o Estado do Ceará é bem maior, que uma disputa para presidente da Assembleia, que é segundo poder do Estado do Ceará e é importante que se tenha uma base unida. A oposição qualificada, como é a nossa, vem a somar. Quando chega aqui uma mensagem do governo, a oposição entra com emendas. Há uma diferença. A minha disputa com o meu primeiro secretário Sérgio Aguiar foi democrática e republicana, ou seja, uma festa para democracia.
Seu novo mandato tratá peças novas na composição da Mesa Diretora. Novatos como o deputado Audic Mota, do PMDB. Mas olhando para a composição das comissões técnicas, elas sofrerão mudanças na sua próxima gestão?
As mudanças serão feitas de acordo com o Regimento Interno. É o que queremos. Nós queremos envolver o maior número de deputados, tanto na presidência quanto seus membros das comissões – aqueles que têm tempo disponível para participar. As nossas comissões tem trabalhando muito, com realizações de audiências públicas, solenidades. Hoje, as atividades da Assembleia iniciam às 7 horas da manhã e terminam as 22 horas. Hoje, estamos muito interligados com a sociedade.
A composição da AL vai passar por uma renovação por conta do resultado das eleições de 2016. Deputados eleitos para ocupar as prefeituras devem deixar a casa e os respectivos suplentes devem assumir as vagas. O senhor já foi comunicado sobre quem assume? E já conversou com os novos parlamentares?
Estamos sempre conversando. Por exemplo: Mário Hélio, que iria assumir, já foi deputado. Dedé Teixeira e Rachel Marques já tiveram aqui na AL. Ou seja, são todos conhecidos e já sabem do andamento da Casa.
Falando em eleições 2016. O senhor perdeu na sua base, em Massapê, mas o PDT teve um crescimento importante. Qual o balanço que o senhor faz do resultado?
Uma eleição se perde e se ganha. A democracia é assim. Na minha terra, perdi para um irmão. Era um filho contra um irmão. Ele se uniu a um grupo que sempre era oposição a nós. Eu não quis. E ficamos em lados opostos. Mas, o importante que o povo vote em quem acha importante para administrar. O PDT saiu fortalecido. Fizemos inúmeras prefeituras. E perdemos algumas. O importante que no somatório saímos fortalecido. Mas, não só o PDT. Aliados também. Por exemplo: o PP tinha dois prefeitos, hoje tem oito. Houve um crescimento de 400%. Ou seja, aliados também se fortaleceram.
Agora, olhando para frente, vamos falar em 2018. O senhor construiu uma trajetória que o coloca como candidato natural a um cargo de maior porte, inclusive no Executivo. O senhor aceitaria concorrer ao governo do estado em 2018, ou comporia uma chapa como vice?
Se alguma coisa vier a acontecer, aconteceu. Eu trabalho para ser novamente deputado estadual e já dizendo não participarei da Mesa Diretora. Espero contar com o povo cearense. Qualquer outra coisa, será novidade.
LAURA RAQUEL
Da Redação