A crise hídrica do Ceará voltou a pauta da Assembleia Legislativa, ontem, através de pronunciamentos no plenário da Casa. Na ocasião, o deputado Carlos Matos (PSDB) avaliou o quadro do abastecimento de água no Ceará. Segundo ele, a situação é precária e poderá, se não equalizada de forma eficiente, levar ao colapso social e econômico, principalmente no interior do Estado.
O tucano adiantou que vai fazer carta aberta para que as autoridades entrem em estado de alerta máximo. “Não temos ainda uma resposta convincente de que se a água do Rio São Francisco chegasse ao Ceará, haveria como transportar até Fortaleza. Não existe a transposição para 2017 e só em 2018 poderemos ter esta água na Capital. Estamos com a grave possibilidade de entrar em um colapso social e econômico no interior do Estado”, acentuou.
De acordo com o deputado, o Governo do Estado não terá condições de sozinho resolver essa situação. “Temos de reconhecer o esforço do governador Camilo Santana e sua equipe. Temos visto técnicos dedicados. Mas a questão é maior do que o Governo. Toda a sociedade deve somar ao Governo”, acrescentou.
Na avaliação do parlamentar tucano, esse colapso seria evitado com a instalação de uma dessalizadora e também com a redução do desperdício da rede de distribuição. Segundo ele, em cada 100 litros de água, 42 são perdidos. “Temos que ser mais objetivos. A comissão especial que trata do problema quer reduzir a perda de 42% para 30%”, assinalou.
Planejamento
Já o deputado Capitão Wagner (PR) criticou o que ele avalia como “falta de planejamento do Governo do Estado nas ações de convivência com a estiagem”. Segundo ele, os prejuízos são cerca de “R$ 103,5 milhões em todo o Nordeste entre os anos de 2013 a 2015”.
Para o parlamentar, a falta de um “Plano B” vem deixando os cearenses mais aflitos, pois contava-se com as águas da Transposição do Rio São Francisco neste ano para garantir o abastecimento. A atual previsão do Ministério da Integração Nacional é de que a obra seja concluída somente no segundo semestre de 2017. “Tiveram que dobrar a liberação do volume de água do Orós, já que o açude Castanhão está quase vazio. Somente o Complexo Portuário do Pecém consome dois metros cúbicos por segundo, praticamente um quarto do que é consumido em Fortaleza”, salientou Wagner.
O deputado Roberto Mesquita (PSD) disse que a falta de alternativa vem da prepotência dos seguidos governos do Ceará. “O Complexo Portuário do Pecém é todo baseado no consumo d’água e a Assembleia foi cúmplice disso, dando benefícios inclusive para instalação de termelétrica. Não foi por falta de recursos”, comentou.
Reuso
Já o deputado Heitor Férrer (PSB) lembrou que todas as alternativas de reúso de água devem ser implementadas, mesmo com a conclusão da transposição. “Podemos fazer com que empresas façam o processo e vendam a água. Errado é apostarmos numa industrialização quando não temos água para beber”, criticou.