Roberto Mesquita não aceitou as alegações dos deputados do PCdoB cujo compromisso era o de votarem em Sérgio Aguiar
( FOTO: JOSÉ LEOMAR )
A primeira sessão da Assembleia Legislativa, após a eleição da nova composição da Mesa Diretora, foi marcada por discursos ainda inflamados sobre o embate que resultou em mais um mandato na presidência para o deputado José Albuquerque (PDT), que enfrentou uma disputa dentro da base governista, e do próprio partido, contra o primeiro-secretário, Sérgio Aguiar (PDT).
O primeiro parlamentar a levar o assunto à tribuna foi Ely Aguiar (PSDC). Ele parabenizou o candidato que conquistou a vitória na última quinta-feira, dizendo que Zezinho não recebeu seu voto, mas teria seu respeito. Porém, seu discurso foi para criticar aqueles que se posicionavam ao lado de um dos candidatos e mudaram antes da votação.
Segundo Ely Aguiar os movimentos que vão às ruas em todo o País em protesto seria um grito contra a corrupção. Ele leu a partir de um dicionário o significado da palavra corrupção que, entre outros significados, aponta para a finalidade de obter vantagens em relação aos outros por meios considerados ilegais ou ilícitos. "É você sair de casa para votar no candidato A e alguém oferecer cargo para votar em B. A política brasileira está cheia de corruptos e quanto mais a população se levanta, mais corruptos aparecem", apontou.
Ely relatou, que antes da eleição houve uma tentativa de cooptação do seu voto. "Minutos antes da eleição, um colega nosso (referindo-se a Osmar Baquit), já tão criticado que nem critico mais porque a personalidade dele é essa, personalidade rente com o chão, dias antes chegou para mim e disse: Ely você não deveria votar no presidente atual. Vou pegar o telefone e vou ligar para o Domingos Filho e vamos ter uma conversinha com ele. Eu disse que não teria a conversa, que o voto era meu. Pois esse cidadão foi o primeiro a trair o Domingos".
As palavras de Ely Aguiar foram consideradas por Heitor Férrer (PSB) como gravíssimas, uma vez que envolve o nome do conselheiro e próximo presidente do Tribunal de Contas dos Municípios.
"Aqui nominou que um conselheiro do TCM, que é impedido de exercer a atividade político-partidária, participou ativamente da eleição da Mesa Diretora da Assembleia, como se fosse padrinho de grupos políticos", lamentou.
Coragem
Lamento profundamente, prosseguiu Heitor, "que isto tenha acontecido porque o deputado Ely disse claramente nessa tribuna, talvez na maior das inocências, mas afirmou que Osmar Baquit estava com o conselheiro Domingos Filho e passou o telefone para ele para tratar de como conduzir a eleição da Mesa Diretora".
O peemedebista Tomaz Holanda parabenizou ao deputado Sérgio Aguiar pela coragem de competir, chamando-o de homem bravo e guerreiro, que colocava o nome para uma disputa depois de 30 anos sem entrave na escolha da presidência da Casa. Ele promoveu esta disputa que há três décadas não havia. E fez de forma honrosa. É saudável que não haja perpetuação de poder".
O deputado Carlos Felipe (PCdoB) usou a tribuna para justificar os votos seu e de sua correligionária Augusta Brito em Zezinho. Ele afirmou que havia o aval do partido para que eles votassem em Sérgio Aguiar, mas que determinadas diferenças entre as chapas foram cruciais para a decisão final. "Ao longo do processo, foram construindo (as chapas) de forma diferente. Uma que tinha na sua maioria deputados da oposição e outra que tinha a maioria predominante de deputados da situação", contou.
"Ao tempo em que os partidos divergiam com relação a questões nacionais, como a PEC e a reforma da previdência, passou-se a ter uma dicotomia e não mais a ser o deputado Sérgio Aguiar e Zezinho Albuquerque. A partir desse momento o partido fez reunião com seu conselho político, nem eu e nem a deputada Augusta votamos, e, por unanimidade o conselho decidiu encaminhar pela candidatura que apoia o governo e as conquistas que achamos progressistas para o Estado do Ceará. Foi decisão ideológica, de partido e não foi pessoal", explicou.
As palavras de Felipe foram rechaçadas pelo deputado Roberto Mesquita. Ele não poupou críticas a Osmar Baquit, líder do seu partido, e que após a votação reassumiu seu cargo de secretário do Governo. A respeito do PCdoB, considerou que foi fundamental na decisão. "Sei da pressão que sofreram, mas foram na contramão da palavra empenhada, do pacto feito em nosso almoço, onde cada um de nós expressou o sentimento, e já sabiam da pressão que seria. Não deveriam ter tomado a decisão se ainda precisavam receber a benção do partido".
Com relação à situação nacional, colocada por Felipe, relatou que na eleição para a Prefeitura e Câmara de Fortaleza as mesmas questões foram deixadas de lado. Os deputados Joaquim Noronha (PRP) e Odilon Aguiar (PMB) disseram se sentir "usados" dentro do grupo.