Deputada Fernanda Pessoa contesta afirmação do colega sobre negociações para votação no candidato da oposição à presidência da AL
( FOTO: JOSÉ LEOMAR )
O bloco partidário extraoficialmente formado por PSD, PMB, PCdoB, PEN e PRP não tem mais razão de existir. Pelo menos essa é a avaliação de alguns dos seus membros, cujo propósito único era apoiar a candidatura do deputado Sérgio Aguiar (PDT) à presidência da Assembleia Legislativa. Os integrantes de PSDB, PSDC, PR e SD são outros que não têm certeza se a bancada, também formada para a disputa na Casa, vai resistir à crise que se instalou no Poder Legislativo nos últimos dias, e se legalmente poderá existir.
O pronunciamento do deputado Ely Aguiar (PSDC), ontem, na tribuna do Plenário 13 de Maio, criticando parlamentares que segundo ele teriam "se vendido", também atingiu seus colegas de bloco partidário. De acordo com a deputada Fernanda Pessoa (PR) nunca houve qualquer tratativa sobre cargos na Prefeitura de Maracanaú, conforme ele disse em seu discurso. Na avaliação da republicana, as falas de Aguiar vão de encontro à uma tentativa de unidade do grupo proposto.
No entanto, mesmo que tenha havido algum desentendimento no bloco, Capitão Wagner (PR), que lidera o grupo, disse que por ele os membros seguirão unidos em 2017, quando se iniciará o novo período legislativo na Casa. A aliança entre os quatro partidos de oposição foi discutida há alguns dias quando da disputa para a Mesa Diretora.
Os deputados se aliaram à candidatura de Sérgio Aguiar, e, inclusive, estavam contemplados com vagas na chapa encabeçada pelo pedetista, que foi derrotado por Zezinho Albuquerque (PDT). Antes, porém, alguns deles tinham assinado um documento de apoio à candidatura de Albuquerque.
Alternativa
Já o bloco PSD, PMB, PCdoB, PEN e PRP, esse não tem mais qualquer razão de permanecer, visto que o racha entre seus membros foi enorme. Osmar Baquit (PSD), que foi escolhido líder dos 11 membros da bancada, inclusive, já retornou para a gestão Camilo Santana e desde sexta-feira está na Secretaria de Agricultura, Pesca e Aquicultura.
O deputado licenciado já avisou que deixará o partido caso PSD passe a ser oposição ao Governo. "Desde o primeiro momento, eu e o PSD estivemos do lado do governador. Caso o partido vá para a oposição, eu não tenho outra alternativa", disse.
Os parlamentares do bloco que ficaram na Assembleia disseram ao Diário que não há mais ânimo para se manterem unidos. Primeiro que os integrantes do PCdoB, Augusta Brito e Carlos Felipe, se aliaram à Zezinho Albuquerque, e segundo Carlos Felipe, há uma explicação lógica para isso.
"No início estávamos de acordo em apoiar o Sérgio Aguiar, mas com o passar do processo o grupo ficou mais à oposição e não dava para nós, que somos base do Governo", disse. A chapa de Aguiar, de fato, teve mais apoio de oposicionistas à gestão Camilo (10) do que aliados (8).
"O bloco não tem mais razão de ser", disse Roberto Mesquita (PSD), lembrando ainda que PEN e PCdoB não estariam mais alinhado com o grupo, que a partir de agora, tem tendência de se comportar de forma independente ou até na oposição.
Odilon Aguiar (PSD), por outro lado, afirmou que a tendência é que PSD e PMB permaneçam juntos, enquanto que os demais partidos devem seguir o Governo. Odilon é defensor da ideia de que houve "traição" por parte de membros do golpe, atitude essa que ele chamou de "coisa de gentinha".
Para Joaquim Noronha (PRP), no entanto, existe a possibilidade de discutir a união do grupo, o que deve ser discutido ao longo do recesso parlamentar. No entanto, ele reconheceu ser impossível a permanência do PCdoB, por exemplo, até porque o partido tem uma vaga na Mesa Diretora. Mesa essa que foi apoiada pelo governador Camilo Santana.
Ainda que o Regimento Interno diga que partidos que fazem parte de determinados blocos não podem deixar suas composições para se alinharem a outros na mesma sessão legislativa, os membros de tais grupos mantiveram as novas formatações. O PEN, por exemplo, fazia parte da mesma bancada composta com PP e PDT. Pelas regras da Assembleia Legislativa, não poderia se unir ao novo bloco.