O Partido dos Trabalhadores (PT) deve ficar ainda menor nos próximos meses. Além da queda no número de prefeitos eleitos no pleito deste ano, existe a possibilidade de debandada de membros da sigla. Segundo o presidente do PT Fortaleza, Elmano de Freitas, há um debate interno sobre o tema, visto que vários deputados federais estão sinalizando que deixarão os quadros da agremiação.
O parlamentar afirmou que é preciso fazer uma discussão ampla sobre as motivações que levaram o grêmio a ter resultado tão pífio no pleito deste ano, ressaltando que a culpa para isso não foi apenas de adversários, mas de algumas lideranças petistas também. O expresidente Lula se reuniu com a bancada de deputados petistas para tentar garantir o mínimo de unidade possível, o que não deverá surtir o efeito esperado.
"O partido precisa se reinventar, e isso só se faz com muita franqueza interna. Muitos querem sair do PT, mas não é o meu caso. A autocrítica tem que ser na prática e não apenas nos discursos", defendeu. Apesar do clima tenso, Elmano defendeu a permanência de parlamentares na sigla, ressaltando que o partido fará esforço para manter os quadros na agremiação e um deles, conforme defendeu, é o governador Camilo Santana. A partir do próximo ano, o partido terá redução de 60% das prefeituras no Brasil, visto que teve uma votação bem menor no primeiro turno de 2016 quando comparada com os
números de 2012. Calculase algo em torno de 10 milhões de votos a menos para petistas em quatro anos. Com isso, os atuais 58 deputados federais da sigla deixarão de ter o apoio de 384 prefeitos, que não estarão mais no comando das prefeituras para fazer campanha pra eles.
Crise
O deputado Manuel Santana disse ao Diário do Nordeste que pensou em sair do PT e ingressar no PCdoB ainda no ano passado, mas não o fez porque a situação da legenda se agravou, e o parlamentar não queria ser interpretado como alguém que abandonou o partido na crise. Santana afirmou que qualquer decisão de saída do partido vai passar por um debate com as pessoas que têm relação política no PT. Ele lembrou que há um esforço da direção nacional do partido para um debate profundo de autocrítica. "Tenho boa relação política com o PCdoB e não teria nenhuma restrição de ir para o partido", disse, ressaltando, porém, que neste momento não há intenção de mudança de sigla.
Moisés Braz também defendeu uma "reinvenção" da sigla e disse lamentar a debandada de colegas. Segundo ele, é necessário que haja um debate antecipado sobre o tema para evitar que mais filiados deixem a legenda. "A autocrítica tem que ser feita, e a responsabilidade é do partido e de seus membros também. Há tempo para chamar a direção nacional e dizer que rumos o partido deve ter", afirmou. Já Rachel Marques destacou que não tem percebido essa saída em massa de parlamentares do PT, mas lembrou da desfiliação feita por Odorico Monteiro (PROS).
Exdeputado e atual secretário do Governo Camilo Santana, o petista Artur Bruno foi o único que já declarou que vai deixar a legenda por ter perdido esperança PT. Assim como ele, outros membros da sigla tendem a fazer o mesmo, visto que falta uma autocrítica concreta por parte do grêmio, que nos últimos anos esteve envolvido em diversos casos de corrupção. "Defendemos a punição exemplar aos que se envolveram com irregularidades, mas com o tempo algumas daquelas pessoas voltaram aos quadros do partido. E durante todos esses anos temos tentado disputar a direção do partido e nunca conseguimos",
explicou. Durante as eleições para a Prefeitura de Fortaleza, o secretário se licenciou do PT para apoiar Roberto Cláudio (PDT), quando a sigla petista tinha Luizianne Lins como candidata.