Os dois blocos
O PSDB marcou para amanhã o anúncio do apoio ao Capitão Wagner (PR) para a disputa pela Prefeitura de Fortaleza. Com isso, começa a se configurar um segundo bloco com peso para a disputa de outubro. Ainda bem distante do primeiro, é verdade. O prefeito Roberto Cláudio (PDT) reuniu aliança de quase 20 partidos. A maioria siglas de pequena expressão. Uma ou outra, como PP e PSD, é mais representativa em termos de acrescimento de tempo de TV. Mas, nessa soma de pequenos partidos, Roberto Cláudio monta uma máquina política sem paralelo. Ao unir PR e PSDB, Wagner não chega a fazer frente à aliança do prefeito. Mas se coloca como segunda força. Mostra cacife para, quem sabe, atrair outros partidos. Wagner já aparecia nas pesquisas entre os pré-candidatos que largam com maiores percentuais de intenções de voto. Até agora, foi o pré-candidato a atrair aliado de maior peso. Pela articulação política construída e por estar à frente da máquina, Roberto Cláudio tem favoritismo de largada. Wagner, até agora, começa a se colocar como nome mais viável de oposição.
A PRINCIPAL INTERROGAÇÃO
A grande dúvida que havia na campanha em Fortaleza era se o PT se manteria como oposição e lançaria candidato ou se iria aderir à candidatura de Roberto Cláudio, como quer o governador Camilo Santana (PT). Salvo uma mudança atípica nos ritos petistas, Luizianne Lins deverá mesmo ser candidata pela legenda. Com isso, a grande interrogação que resta passa a ser o rumo do PMDB.
Apoiar o prefeito está fora de cogitação. A questão é se o PMDB terá candidato próprio ou se irá apoiar alguém. Com o cacife de quem está na Presidência da República, a hipótese de os peemedebistas aderirem a alguma candidatura o torna um aliado ainda mais valioso e cobiçado que o próprio PSDB.
No caso de o PMDB não ter candidato, quem tem mais chances de receber o apoio também seria o Capitão Wagner. Isso daria a ele musculatura capaz, aí sim, de fazer frente à aliança de Roberto Cláudio.
OS OUTROS MOVIMENTOS
Outras candidaturas fortes também se articulam. Heitor Férrer (PSB) tem negociado com muita gente. Buscou os mesmos apoios com que Wagner conversa. Porém, tem tido menos sucesso. Provavelmente acertará alianças com alguns partidos, mas dificilmente terá aliados de maior densidade.
Luizianne Lins se dedicou até agora a firmar acordos dentro do PT para garantir sua candidatura. Não teve tempo ainda de buscar diálogos externos. Sem a máquina federal e ainda sem apoio do governador Camilo – favorável à aliança com Roberto Cláudio – Luizianne terá provavelmente sua campanha mais difícil. Ao ser eleita pela primeira vez, em 2004, ela estava em guerra com a cúpula do PT, mas tinha coligação com o PSB. Agora, o petista mais graduado do Estado também não é simpático à candidatura. Mas dificilmente Luizianne terá um aliado de tanto peso quanto o PSB – hoje de Heitor Férrer.
Renato Roseno (Psol) tende a fechar aliança com seus aliados clássicos: PCB e PSTU. Não agregam praticamente nada em termos de tempo. Essa será a grande dificuldade do candidato do Psol. Pela trajetória e discurso, tem perfil talhado para muitas das expectativas de mudança que os eleitores expressam. Porém, com as mudanças nas regras, todos os candidatos terão menos tempo.
O de Roseno deverá ser ínfimo, uma fração do que tinha em outras eleições.
O deputado federal e pastor Ronaldo Martins (PRB) deverá ser outro dos candidatos. O advogado Dimas Oliveira se lançou pela Rede Sustentabilidade.
E Tin Gomes (PHS) lança-se domingo na disputa.
Esse é até agora, basicamente, o quadro do pleito de outubro.