Diante dos últimos acontecimentos envolvendo rebeliões e mortes em presídios do Estado, deputados da Assembleia Legislativa pressionam o presidente da Casa, Zezinho Albuquerque (PDT), a instalar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Narcotráfico. Praticamente todos os parlamentares assinaram pedido de início dos trabalhos do colegiado, mas o mesmo ainda não iniciou suas atividades.
Segundo Roberto Mesquita (PV), cabe ao presidente da Assembleia a instalação da CPI. "O presidente sentou em cima dela. É o mesmo que abrigou três CPIs 'paraguaias' que surgiram na calada da noite, para impedir que outra CPI fosse instalada", criticou. O parlamentar disse, ainda, que a CPI do DPVAT, tão reclamada na Assembleia por alguns parlamentares, foi "abortada" quando se viu que o inquérito poderia "chegar muito longe".
Conforme destacou, há necessidade urgente de instalação de uma comissão para investigar o narcotráfico no Ceará. "O tráfico de drogas tomou conta de todo o Ceará, e essa violência constante vem da droga. O presidente da Assembleia sentou em cima da CPI do Narcotráfico, e, coincidentemente, ele é o mesmo que se utiliza da Assembleia para correr o Ceará com o projeto Ceará Sem Drogas, que não passa de discurso", apontou Mesquita.
O deputado Wagner Sousa (PR) informou que Zezinho Albuquerque chegou a assinar o andamento do inquérito antes mesmo de outro, o da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, que deveria ser posterior à conclusão dos trabalhos da CPI do DPVAT. "Ele assinou, mas ficou somente na assinatura. Precisamos que o presidente dê um andamento para a CPI, para que a Assembleia não dependa apenas do trabalho realizado pelo Governo", defendeu.
Carlos Matos (PSDB) afirmou não entender o porquê da demora por parte da Casa em instalar o inquérito. Segundo ele, a Assembleia não pode recuar diante de ameaças e ataques feitos a equipamentos públicos. "A quem interessa não instalar essa CPI?", questionou, por sua vez, o deputado Ely Aguiar (PSDC).