O secretário da Segurança Pública e Defesa Social, Delci Teixeira, reclamou ontem do que chamou de “glamourização” dos ataques a prédios públicos no Ceará. “Qualquer pirangueiro que joga uma pedra no vidro da janela de uma delegacia, por exemplo, já é considerado o novo Al Capone. Aí, chega no presídio como se fosse um bandido de extrema periculosidade”, ironizou Delci. As declarações do secretário foram feitas ontem ao programa O POVO no Rádio, na rádio O POVO/CBN, antes de viajar a Brasília. Delci teria reuniões no Ministério da Justiça. Ele disse que iria “buscar parcerias, sobretudo na área de inteligência”.
Nos últimos dois meses, o Ceará registrou pelo menos 26 atentados contra delegacias, prédios públicos, empresas de telefonia, ônibus, topiques e ainda duas ameaças, com informações falsas de bomba no Fórum Clóvis Beviláqua e na empresa de teleatendimento Contax.
Além disso, há três semanas, carro foi encontrado com 13 quilos de explosivos ao lado da Assembleia Legislativa. Um mês antes, em meio à série de ataques contra delegacias, o prédio da Secretaria da Justiça (Sejus) foi alvo de disparos. Há duas semanas, a Câmara Municipal de Sobral foi incendiada por criminosos. Conforme O POVO mostrou na terça-feira, as delegacias começaram a ter reforço na estrutura, após os ataques. O secretário afirmou que o assunto precisa ser tratado “com muito cuidado, para não criar clima de histeria”.
Ameaças
Na edição deste domingo, O POVO publicou declaração do governador Camilo Santana (PT) de que recebeu ameaças de criminosos. “Já recebi ameaças por Facebook e ameaças anônimas. E se isso é uma tentativa de intimidar o governador, nós não vamos nos intimidar. Vamos continuar trabalhando firme e forte”, disse.
Segundo Delci, têm sido feitas “distorções” sobre a fala de Camilo.
Ele apontou como exemplo os rumores, em sites e blogs, sobre o aumento da proteção ao governador. “Dizer que tem delegados federais fazendo a segurança (de Camilo) é ir longe demais”.
Delci afirmou que há facções criminosas em todos os presídios do País. Para ele, são formas de os recém-ingressos se protegerem dentro do sistema penitenciário. Sobre a onda de ataques, ele destaca como reação de grupos criminosos. “É óbvio que ações estão sendo tomadas no âmbito da segurança e estão ocasionando esse tipo de reação da criminalidade. Mas, como o próprio governador acredita e tem determinado, a segurança pública não vai recuar um milímetro no que está fazendo”.
Em 28 de janeiro, O POVO mostrou que facções criminosas estavam firmando acordos de paz. O Governo sempre minimizou as alianças e o governador chegou a se referir ao fato como “brincadeira”. Na semana passada, o Ministério Público Estadual, junto com a Polícia Civil, realizou operação para cumprir dez mandados de prisão contra envolvidos, justamente, nessas pacificações.