A constatação inicial sobre o primeiro ano de Camilo Santana (PT) no Palácio da Abolição é que ele não deu sorte. Pegou de cara uma severa seca – quadro que seu antecessor, Cid Gomes (PDT), só conheceu no sexto ano de mandato. E, para o petista, desembocou o efeito acumulado de quatro anos com chuvas abaixo da média. E com prognóstico de um quinto ano – coisa que não se via desde o tempo de Gonzaga Mota. Camilo também não deu sorte ao ver estourar uma grave crise na saúde pública quando nem completara quatro meses no cargo. Com isso, projetou-se nova trincheira de oposição, no Sindicato dos Médicos. Ao longo da era Cid Gomes, a entidade tinha hegemonia do PCdoB, que na maior parte do tempo também comandou a Secretaria da Saúde. Isso garantiu tranquilidade política. Desde o começo do ano, o sindicato tem à frente uma filiada ao PSDB e deu dores de cabeça à gestão petista no Estado. No cenário nacional, Camilo deu ainda mais azar. A crise econômica desabou sobre sua cabeça. Os últimos governadores a pegar períodos adversos foram Tasso Jereissati, no primeiro ano de seu último mandato, em 1999, e Lúcio Alcântara, em 2003. Camilo ainda tem contra si o referencial do antecessor Cid, que, com economia em crescimento, caracterizou-se pelo volume de investimentos. Na política, o PT de Camilo afunda nacionalmente. A presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, fiadores da aliança governista em toda a era cidista, viram suas popularidades despencarem. Na Assembleia, como seria previsível reflexo do rompimento com o PMDB, a oposição ficou mais forte e articulada. Camilo deu azar em tudo isso: na saúde, na economia, na política, na seca. Mas, com exceção dessa última, há de se ressaltar a grande parcela de responsabilidade de administrações que Camilo apoiou e apoia – de Dilma em Brasília e de Cid cá no Ceará.